Um livro para ler de supetão, de uma só vez em uma longa tarde chuvosa. Particularmente prefiro obras que me levem para seu universo e me deixem viver um pouco por lá. Mas a história de Ezekiel Boone se passa em nosso mundo mesmo, então nem faria tanto sentido assim.
Uma série de eventos estranhos estão acontecendo ao redor do mundo. Desde mortes misteriosas em uma floresta no Peru, até o lançamento “acidental” de uma bomba nuclear chinesa em seu próprio território. O que o nosso mundo globalizado, cheio de recursos de comunicação demora a notar é que estes eventos estão conectados e envolvem uma espécie completamente desconhecida de aranhas.
A Colônia lembra um daqueles filmes de desastre global (como 2012 ou O Dia Depois de Amanhã), quando acompanhamos a evolução de uma catástrofe em escala mundial através de casos isolados ao redor do mundo. Até que em algum momento a devastação chega à um ponto crítico e os personagens que ainda estão vivos à essa altura precisam unir esforços para salvar a humanidade.
Um policial comum, sobrevivencialistas em uma cidadezinha do interior, um grupo militar, a equipe da presidência estadunidense e, claro, a cientista especialista em aranhas, estão entre os vários personagens que acompanhamos durante o desenrolar deste apocalipse. Apesar da promessa abordagem global, logo fica evidente: assim como nos filmes o foco é os Estados Unidos.
À exceção de um incidente no Peru e um casal em uma ilha britânica, é pelos olhos de estadunidenses que acompanhamos os incidentes próximos a eles, e os ao redor do mundo. Estes últimos através das notícias confusas e desencontradas, comuns em situações de crise. Não é surpresa, considerando a nacionalidade do seu autor.
A narrativa corre em um ritmo ágil, trocando de ponto de vista a cada capítulo. Criando assim, um quebra-cabeças a ser desvendado pelo leitor sobre o que realmente está acontecendo. O que não demora muito, já que temos informações privilegiadas em relação aos personagens. A partir daí é com a reação deles que nos preocupamos. Embora sejam muitos, e haja pouco tempo para desenvolvê-los, é fácil nos relacionar com estes arquétipos já bastante conhecidos.
Quando alcançamos o meio do livro começamos a notar que alguma coisa está errada, e não tem nada a ver com as aranhas. O problema é o andamento da trama. Novos personagens ainda estão sendo apresentados, para terminar a tempo a narrativa teria que acelerar ao ponto de destoar da primeira metade, ou ter um final súbito, brusco e definitivo (esta segunda opção, até me parece interessante). Mas a explicação não era nenhuma das alternativas anteriores!
A história de A Colônia não termina em seu próprio livro, existe uma sequência. Faltou apenas a publicação nos indicar isso! A continuação Skitter (ainda sem título em português) deve ser lançado em abril deste ano nos Estados Unidos. Esta é provavelmente a maior decepção da publicação, não ser uma história fechada em si mesma e demorar para dar indícios disso. - Isso foi um pouco frustante! - Não custava nada colocar "volume I" na capa. Ou ao menos anunciar a sequencia em algum lugar, como na curta biografia do autor.
Sob outros aspectos a publicação entrega o que promete, uma leitura rápida e descompromissada de uma história de terror e suspense. Com personagens reconhecíveis e fáceis de se relacionar. Tenho minhas ressalvas apenas pela escolha da presidente dos EUA ser uma mulher, corroborando o cliché de que as catástrofes acontecem quando negros ou mulheres comandam a nação. Mas se ela conseguir salvar a humanidade na sequência...
Até lá, A Colônia é um entretenimento fácil e rápido, para quem curte o gênero. Não chegou a me aterrorizar, mas aracnofóbicos podem ter problemas. Uma pena, que a história não tenha um fim, deixando a tensão esfriar à espera da continuação. Aproveitará melhor quem puder ler tudo em uma tacada só!
A Colônia (The Hatching)
Ezekiel Boone
Suma de Letras
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