La La Land - Cantando Estações

É mais um dia de engarrafamento em Los Angeles. Nos carros, jovens em busca do sonho de Hollywood, anunciam em alto e bom som, durante um excepcional plano sequencia que este é um filme musical. Embora, a esta altura há de se imaginar que o título do longa, La La Land - Cantando Estações, já tenha dado a dica. Mas não é só isso que eles apontam, o número também deixa claro que a disputa é grande e o caminho árduo.

Tudo isso é estabelecido antes mesmo de conhecermos os protagonistas. Mia (Emma Stone) é mais uma aspirante à atriz em meio a dezenas de candidatas, que trabalha como barista em um estúdio de cinema enquanto sua carreira não decola. Sebastian (Ryan Gosling) é um pianista de Jazz preocupado com o purismo do ritmo que tem problemas para manter os empregos onde precisa tocar outros estilos.

É claro, a dupla vai "se esbarrar" aqui e ali, até ajustarem os ponteiros em um fofo número de dança em que usam "os mesmos sapatos*". Depois disso passam a se encontrar de propósito e com frequência, por assim dizer. Presos na mesma fase de busca pelos seus sonhos, um impulsiona o outro a seguir em frente. E tudo vai bem, até que seus caminhos comecem a se distanciar.
Se você achou minha descrição acima reveladora demais, calma! Não há como "levar um spoiler" de La La Land, pois este não é um filme de reviravoltas mirabolantes. É um filme sobre relacionamentos, sobre não desistir de seus sonhos e os caminhos traçados por suas escolhas. Tudo isso pontuado por boa música e uma atmosfera que homenageia de forma sutil, porém eficiente, a era de ouro dos musicais.

Não é um filme de época. Mas as cores da cidade, a fotografia, os figurinos, as músicas e até os carros, tem esse tom lúdico e doce de clássicos como Cantando na Chuva. Stone e Gosling não são Fred Astaire e Ginger Rogers, mas protagonizam belos números de dança onde ao invés de vários cortes estilo vídeoclipe, podemos acompanhar a fluidez dos passos, a interação com o cenário como se assistíssemos um espetáculo de dança ao vivo. A coreografia não é tão complexa como nos antigos musicais, mas é bonita e bem executada, eficiente para seu intérpretes não dançarinos, de personagens do século XXI.
A mesma simplicidade vale para as interpretações musicais. Alguns podem até lamentar que os protagonistas não seja grandes intérpretes, mas talvez suas vozes comuns sejam parte da empatia com o expectador e tornem os sentimentos das personagens mais verdadeiros. Há também o genuíno esforço para cantar e dançar da dupla, especialmente de Emma. O desafio maior de Gosling parece ser o piano.

Doce e melancólico a única grande reclamação é a sensação de tom decrescente através das musicas. Começando com um número gigantesco com dezenas de dançarinos e aos poucos se resumindo ao casal principal com números mais simples. Pode ser intencional é verdade - da empolgação dos primeiros passos, à tranquilidade de ter alcançado seus objetivos - mas para alguns pode soar como uma discrepância de ritmo. Ou no mínimo, que o numero de abertura parece deslocado. Nada que prejudique muito o objetivo geral do longa, no entanto.

Contar uma história simples e encantadora e homenagear os clássicos da era de ouro dos musicais. Tarefas que La La Land - Cantando Estações cumpre muito bem. Vai encantar os amantes do gênero e quem sabe reapresentar o estilo para novas gerações redescobrirem a época de sonhos de Hollywood.

La La Land - Cantando Estações (La La Land)
2016 - EUA - 128min
Musical


*"put yourself in someone's shoes" - literalmente "se colocar nos sapatos de outra pessoa", uma expressão em inglês que significa se colocar no lugar do próximo. No filme Mia, troca de sapatos em pleno número de dança reconhecendo que ela e Sebastian estão na mesma situação.

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