A mais difícil série da parceria Marvel-Netflix até agora. Embora seu personagem título já tenha sido apresentado (e aprovado) em sua aparição em Jessica Jones, Luke Cage se propõe a apresentar toda uma nova vertente cultural, além de adapta-la para os dias atuais.
Cage nasceu nos anos de 1970 fortemente na carona dos filmes de Blacksploitation populares na época. O estilo era extravagante exagerado, abraçando os estereótipos negros, como reafirmação da cultura. Direitos civis e outros problemas da comunidade negra serviam como plano de fundo para as tramas. Mas, agora é 2016 e a série se passa nos dias de hoje. Os dilemas são outros e o visual original certamente soaria caricato demais. Como trazer Luke Cage de volta?
Pontuada por aquilo que persiste e não "sai de moda", boa música e estilo próprio. Seja visual ou narrativo. Este segundo é o que pode causar estranhamento. Menos "super-heroico" que seus companheiros que vieram primeiro, Cage (Mike Colter) não quer ser heroi, não é visto como herói, e seus poderes invulnerabilidade e super-foça são mais defensivos que ativos. Além disso, ele não quer salvar o mundo, a cidade ou exterminar um psicopata, apenas viver em paz no bairro que ama, o Harlem.
Some tudo isso e o resultado é uma produção com o ritmo mais lento, mais preocupado nas relações entre os personagens e com o Harlem que de fato com a ação. Sim existe ação, mas fica sempre a sensação de que poderia se mais explosiva, já que o protagonista é muito contido. Um fugitivo, ele só quer passar despercebido. Ah, e caso você tenha chegado até aqui sem uma sinopse:
Luke Cage, foi condenado por um crime que não cometeu. Na prisão passa por um experimento cientifico que não termina muito bem. Foge de lá com super-força e pele impenetrável, tenta reconstruir a vida sem chamar muita atenção para suas habilidades. Mas, sabe como é, grandes poderes....
Esta é provavelmente a primeira série da Netflix em que recomendo isso: EVITE A MARATONA! Ao menos as mais longas, assista um ou dois episódios por vez. Dê tempo para seu cérebro assimilar o estilo e ritmos diferentes.
Entretanto, não importa o tempo que você dê para a série, seus vilões sempre vão soar como "pouco espertos". Em alguns momentos as escolhas de Cornell "Cotton Mouth" (Mahershala Ali, se divertindo), chegam a irritar. Ele é impulsivo, não pensa nas escolhas que do lado de cá da tela, sabemos de cara: não vai dar certo. Mariah (Alfre Woodard), também não vai longe disso. Enquanto Willis Stryker "Kid Cascavel" (Eric LaRay Harvey) demora à dizer á que veio. Mas seus passados são bem desenvolvidos. Logo, sou levada a acreditar que suas falhas são herança dos quadrinhos.
Ao menos isso ajuda muito pouco, o trabalho dos poucos policiais honestos do Harlem, representados na figura da detetive Misty Knight (Simone Missick). Mas é a Claire Temple, A Enfermeira da Noite a melhor parceira de Luke na briga contra os vilões. A personagem vivida por Rosario Dawson, já apareceu em Jessica Jones e nas duas temporadas de Demolidor. Sua ligação com os vigilantes, inclusive é o motivo da moça precisas abandonar seus plantões em Hells Kitchen, e vai viver com a mãe Soledad (Sônia Braga) no Harlem.
Uma história de origem dramática e cheia de conflitos, Luke Cage é a série com mais personalidade da Marvel-Netflix. Também é a que mais dá enfase a comunidade, além do herói e dos bandidos. As pessoas do Harlem tem poder e peso no desenrolar da trama.
Uma série bem produzida, que só precisa lembrar que veio dos quadrinhos, pode e deve, se divertir de vez em quando. Mas, agora a história de origem, e os princípios do personagem já estão bem estabelecidos. Então, talvez na segunda temporada, ou mesmo na reunião dos heróis em Defensores, Cage possa descobrir a parte bem humorada de ter super-poderes.
Luke Cage tem 13 episódios, e todos estão disponíveis na Netflix.
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