O Bom Gigante Amigo

É comum gigantes serem retratados como criaturas de movimento lentos em filmes. Mas, em O Bom Gigante Amigo, não é o personagem título que se move devagar, e sim a trama.

A pequena e insone órfã Sophie (Ruby Barnhill) vislumbra um gigante (Oscar Mark Rylance, voz e captura de movimentos) pela janela em uma de sus noites em claro no orfanato. Por isso, a menina é sequestrada pela criatura que vagava incógnita pelas ruas de Londres. Na Terra dos Gigantes, criança e criatura começam a construir uma amizade, e Sofie descobre o trabalho de "caça sonhos" do seu raptor. A Síndrome de Estocolmo O laço entre a dupla fica mais forte quando a menina descobre que BGA (apelido para o nome que ela lhe deu, "Bom Gigante Amigo"), é atormentado pelos outros gigantes. Mas, a amizade é ameaçada porque os outros grandalhões gostam de devorar criancinhas.

Sofie cria um plano para solucionar a situação que envolve a habilidade de manipular sonhos de BGF e a rainha da Inglaterra. Tal plano, inclui as forças armadas, o que vai de encontro a motivação que inicia a trama. O gigante sequestra a menina por medo que ela o exponha e leve guerra à Terra dos Gigantes. Isto é exatamente o que ela faz, com a ajuda dele e da Coroa.

Esta é apenas uma das inconsistências na adaptação do livro homônimo de Roald Dahl, roteirizado por Melissa Mathison (é o último trabalho da roteirista de E.T. - O Extraterrestre, que morreu em 2015) e dirigido por Steven Spileberg. O longa traz uma promessa de retorno do diretor às aventuras lúdicas que marcaram sua carreira na década de 1980. Mas a produção tem um roteiro fraco e sonolento, enquanto grande parte da atenção parece estar voltada para o CGI, e o design de produção. Este último, é eficiente e caprichado como esperado de uma produção da Disney (primeira em parceria com Spielberg). Já a computação gráfica apesar de bem feita, é utilizada em excesso. Por isso não demora muito para perder o charme, e começar a soar falsa. 

Parceiro constante de Spielberg, John Williams cria uma trilha intrusiva, e que em vários momentos lembra muito a que o compositor criou para os primeiros filmes da franquia Harry Potter. A repetição é evidente e está longe da qualidade que o compositor costuma apresentar.


De volta ao roteiro, a história arrastada ganha um pouco de ritmo com a entrada das autoridades britânicas. Contudo, apesar de ser engraçado ver BGF tentando se adaptar aos costumes da terra da rainha e os humanos tentando encaixá-lo em nossos espaços limitados, toda a sequência evoca a obrigatoriedade de se adequar aos padrões da sociedade. Impossíveis para humanos, imagina para alguém de outra espécie. Além de encerrar com uma piada sobre flatulência. Ao menos, à partir daí o ritmo melhora o suficiente para acordar os pequenos.

Apesar de tudo o elenco é esforçado. A pequena Ruby Barnhill atua em tela verde (ou seja, com nada), por grande parte do filme. Enquanto Mark Rylance consegue passar uma bondade melancólica por trás do CGI que compõe BGA. Embora o jeito peculiar de falar do personagem possa confundir alguns, especialmente porque as legendas seguem os neologismos. Talvez as cópias dubladas se saiam melhor neste aspecto.  Já a excelente Penelope Wilton (de Doctor Who e Downtown Abbey) faz uma Rainha autoritária, porém doce.

Será que só eu fico lembrando de Merry, Pippin e Barbárvore quando ele resolve carrega-la assim?
Em tempos nostálgicos em que Strager Things relembra alguns dos melhores trabalhos do diretor com, e para, crianças, é triste ver o fraco O Bom Gigante Amigo, chegar aos cinemas com potencial e intenção de ser magico. Mas sendo apenas chato. Saímos da sala torcendo para que esta fase estranha do diretor passe de forma menos lenta que o andar de um gigante.

O Bom Gigante Amigo (The BFG)
Eua, Reino unido, Canadá - 2016 - 117min
Aventura, Fantasia

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