Graças ao carisma das personagens e o bom elenco, aparentemente How to Get Away with Murder conseguiu sobreviver impune a uma segunda temporada. Apesar de o frescor da novidade já ter passado, e da trama rocambolesca, marca registrada de sua criadora Shonda Rhimes (responsável pelos "novelões" Grey's Anatomy, Private Practice e Scandal).
*Vale avisar, atendendo aos pedidos da "Sociedade Protetora dos Spoilerfóbicos", este post pode ser meio vago para quem não acompanha a série. Recomendo que assista ao menos a primeira temporada (se possível veja logo tudo!) e volte a ler o texto.
Os melhores alunos da classe de professora de Direito Penal de Annalise Keating (Viola Davis), assim como a própria professora e seus assistentes já começam seu segundo ano enrolados. Resolveram, com muitas consequências, os casos de assassinato de Lila e Sam. Mas, agora precisam lidar com o misterioso "sumiço" de Rebecca (Katie Findlay).
O mistério de Rebecca (que desde a temporada anterior os expectadores sabem se tratar de outro assassinato), não se estende por muitos episódios. Serve apenas como mais um motivo de tensão entre Annalise e seu aluno "favorito" Wes Gibbins (Alfred Enoch - Harry Potter), cada vez mais confuso.
Logo, todos tem um novo grande caso de assassinato para trabalhar. E se antes os alunos eram competidores pela atenção da professora, agora estão mais unidos. Não porque se tornaram amiguinhos, mas porque tem um segredo que pode colocá-los na cadeia.
Mas como nada na "Shondaland" é simples, a série mantém o interessante formato com duas linhas narrativas distintas, separadas por um período de tempo. E nesta temporada temos duas delas, ambas ligadas à protagonista. Na primeira metade dos episódios, acompanhamos o desenrolar de um chocante acontecimento futuro. Nos capítulos restantes um caso antigo, nos entrega um panorama maior da personalidade de Annalise e suas motivações e relacionamento com o falecido marido Sam (Tom Verica).
Enquanto isso os alunos Connor Walsh (Jack Falahee), Michaela Pratt (Aja Naomi King), Asher Millstone (Matt McGorry - Orange Is The New Black), Laurel Castillo (Karla Souza) e assistentes Frank Delfino (Charlie Weber) e Bonnie Winterbottom (Liza Weil) tem seus próprios arcos e dilemas. Inclua aí nessa lista, passados obscuros, problemas com família, relacionamentos conturbados, auto-descobertas e grandes erros.
Todas estas histórias, acabam se interlaçando e interferindo umas nas outras, através das personalidades e escolhas dos personagens. Criando uma trama maior ainda, que inevitavelmente resultarão em um grande cliffhanger. O que de acordo com a temática da série geralmente inclui um assassinato. Mantendo o status-quo para a próxima temporada.
Ok admito, a segunda temporada foi eficiente em desenvolver os personagens, e o formato de mistério é viciante. Mas até quando o carisma dos personagens vai ser o suficiente? À quantas reviravoltas chocantes sobrevive a suspensão de descrença do expectador? Afinal o quão complexa e rocambolesca a vida de uma pessoa pode ser? A essa altura o intercâmbio de casais entre o elenco fixo, já é grande. Assim como o número de assassinatos diretamente relacionado a um grupo pequeno de pessoas. Sem contar que cedo ou tarde estes alunos vão completar o curso e Keating precisaria de novos estagiários.
Esta é uma característica dos trabalhos de Shonda, que sempre começa com bons temas e personagens fortes e termina.... Bom, nunca termina! Com o tempo a temática fica repetitiva, as reviravoltas ficam exageradas, as personagens perdem a força e até o bom elenco perde o interesse.
How to Get Away with Murder é uma série judicial com formato inovador. Tem uma protagonista mulher e negra forte. Aliais, o elenco inter-racial, que passa longe do "sistema de cotas" usual em séries (tem que ter um negro, um latino, etc...) é um ponto alto. Assim como a liberdade para falar de preconceito e minorias. Mas todo esse bom conteúdo pode ser esquecido se a trama se perder em si mesma.
Esta temporada ainda conta com as participações de Billy Brown e Conrad Ricamora mais presentes que o ano anterior. E o acréscimo de Famke Janssen (a Jean Grey da trilogia original dos X-Men) ao elenco regular.
Annalise Keating e cia superaram minhas expectativas (eu acredito que a série funcionaria melhor com apenas uma temporada fechada) e entregou uma boa segunda temporada. Agora é torcer para que a terceira temporada já confirmada se encaminhe para um desfecho, e entregue uma história completa tão eficiente quanto a que iniciou. Shonda já começa seus trabalhos de forma excelente, agora é hora de aprender a encerrá-los (e não deixá-los ser cancelado) com a mesma qualidade!
How to Get Away with Murder, tem duas temporadas com 15 episódios cada, e é exibida no Brasil pelo Canal Sony. O primeiro ano também está disponível na Netflix
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