Valar Morghulis... Valar Doaheris!

Pela primeira vez, absolutamente nenhum dos personagens está onde deveria/gostaria. Depois de duas temporadas absorvendo o choque da morte do suposto protagonista, lidando com suas consequências e tecendo planos a partir delas, finalmente as tramas tomam novos rumos.

Mas antes de mencionar para onde a temporada foi, melhor entender como ela foi. O caminho escolhido foi oferecer a cada núcleo seu próprio ritmo. Mesmo porque, desde a temporada anterior algumas histórias avançaram mais que outras em relação ao livro. Para isso David Benioff e D.B. Weiss tiveram muita liberdade criativa, entregaram detalhes que nem mesmo os leitores sabem e subverteram a dinâmica das temporadas anteriores.

Nem é preciso dizer, mas eu digo: Spoilers a frente!

Começando logo, com o catártico Casamento Roxo elaborado com muita expectativa para dar um adeus memorável ao personagem mais odiado de toda a franquia (até agora, pequeno Robin está se esforçando no Ninho da Águia). Joffrey (Jack Glenson, se despedindo da carreira de ator) se foi, e a morte de um rei por mais desprezível que seja traz consequências para todo o reino.

E as consequências foram mais uma oportunidade para Tyrion (Peter Dinklage) brilhar. O "Imp" é definitivamente o personagem de sua vida. A qualidade de sua atuação é uma constante, mas sempre podemos destacar os melhores momentos, nesta temporada seu emocionante julgamento e sua derrocada final. Injustiçado até pela família Tyrion definitivamente chegou ao fim do poço, descobriu seu lado mais cruel e não tem escolha a não ser tomar os "novos rumos" que mencionei no primeiro parágrafo deste post. E de quebra, ainda leva Vayrs junto.


Também sofrendo com as consequências do Casório Purpura, Sansa (Sophie Turner), que já não é mais tão ingênua assim, finalmente está qualificada para jogar o jogo dos tronos com seu maior jogador. Mindinho (Aiden Gillen, palmas para ele!) dissimulado, cínico, sedutor e assumidamente o mentor de grande parte da trama, é de longe o personagem mais repulsivo de toda a série.

Uma das primeiras liberdades da adaptação, o avanço enorme na narrativa de Brienne (Gwendoline Christie), ganhou ainda mais novidades com o encontro surpresa com Cão (Rory McCann) e Arya (Maisie Williams). Além de ser fofo ver as duas guerreiras "trocando figurinhas", o evento dá um "upgrade" na trama de Brienne, que embora tenha muitos capítulos sua jornada ao lado de Pod, não tem acontecimentos memoráveis.

Assim como a trama de Bran (Isaac Hempstead-Wright), originalmente apenas uma longa e difícil  
caminhada na neve, a jornada ganhou uma parada na cabana de Craster, durante um embate da Patrulha com seus desertores. Embora uma ação coerente para os patrulheiros, o embate foi apenas uma oportunidade de incluir ação, e sexo (de necessidade narrativa questionável) na temporada.

Curiosamente a cena que causou discussão, foi o "estupro" de Cersei (Lena Headey). Na opinião desta humilde blogueira uma forma de mostra que Jaime (Nikolaj Coster-Waldau), que teve um arco bem desenvolvido na terceira temporada, deixou de ser totalmente submisso a irmã. Infelizmente a audiência ficou mais focada no ato, que no objetivo narrativo dele. (Ok, eu sei que há uma discussão social aqui, mas ei! É uma ficção e há personagem que merecem mais nossa preocupação que a Rainha)


Quem também não está nem aí para Cersei, é a Rainha do outro lado do mar. Daenerys (Emilia Clarke) finalmente deixou de ser nomade para ser regente, mas reinar uma cidade tomada só não é mais difícil que domar os seu crescidos e realisticos dragões de CGI. Também neste núcleo uma novidade para os leitores, o amor impossível entre Verme Cinzento (Jacob Anderson) e Missandei (Nathalie Emmanuel). Vale lembrar, ele é eunuco (será mesmo, ou só pensa que é?) e ela deveria ser criança, mas foi envelhecida para série.

E por falar em novidades continuamos acompanhando Theon, que nos livros não tem essa parte da trama contada. E descobrimos como se "faz" um Vagante Branco, detalhe que até agora não havia sido mencionado nas páginas. Enquanto Oberyn Martell (Pedro Pascal) faz uma boa apresentação do núcleo de Dorne, que deve ganhar mais destaque na próxima temporada.


Também devem ganhar mais destaque Melisandre (Carice van Houten) e seu rei, que pouco tiveram a fazer neste ano. Meio fraca sua chegada "triunfal" sobre os selvagens. Outro que ainda tem um arco crescente é John (Kit Harington), cada vez mais importante na combalida Patrulha.

Diversão mesmo ficou para a jornada de Arya e Cão de caça. Em uma relação de amor e ódio a dupla apareceu em quase todos os episódios, com ótimos diálogos (verbais ou não). A dupla seria imbatível, se tivesse algum objetivo em comum. Mas, não tem e com uma tensa cena de separação Arya também decide desistir de "voltar para casa" (até porque, que casa?) e também adota novos rumos.

A quarta temporada de Game of Thrones, pode não ter empolgado muito, mas foi excepcional. E eficiente em sua tarefa de colocar pontos finais, e reiniciar as jornadas de nossos protagonistas. Conseguir mudar o status quo, em um programa que já é cheio de reviravoltas, é uma tarefa e tanto!

Que venha a quinta temporada e o mundo maior que ela promete apresentar!

P.S.: Perfeitos os esqueletos que atacaram Bran, ao estilo Ray Harryhausen. E sou só eu que estou me perguntando onde Gendry foi parar com aquele barquinho?

Leia mais:  textos da segunda e terceira temporadas,  Game of Thrones - The Exhibition no Brasil, e mais tudo que já foi dito sobre a série no blog.

2 Comentários

  1. Nossa foi o melhor resumo que já li sobre a temporada! Parabéns pelo texto perfeito! Acaba de ganhar um fã do blog!

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