Pandora tem um rico (e deslumbrante) ecossistema, com animais, plantas e até montanhas nunca antes vistas. Mas o planeta também é rico em um metal valioso, do qual a maior reserva fica sob a aldeia dos Na'vi, raça humanoide que lembra as tribos indígenas da Terra. Já deu para ver onde está o empasse? É claro que é ganancia humana que ainda acha que pode colonizar outros lugares, que movimenta o filme. Mas não é o único aspecto a ser observado.
Jake Sully (Sam Worthington) é um ex-fuzileiro naval, que é levado a pandora para tomar o lugar de seu irmão no projeto Avatar. O programa mistura DNA humano com dos nativos, Na'vi para produzir um corpo que pode ser controlado remotamente através da mente de seus doadores humanos.
A ideia dos cientistas é usar os avatares para se aproximar, conhecer e ganhar a confiança dos nativos (o que Jake consegue por acidente no primeiro dia em campo). Contudo esse projeto a longo prazo, não faz parte do planos de todos. Há aqueles que estão interessados apenas na riqueza material (leia-se metais preciosos), e vão fazer o que for preciso para alcançar seus objetivos. Atitude que contrasta de forma gritante com o modo de vida dos Na'vi, onde tudo e todos estão conectados, literalmente.
Nesse ponto o roteiro faz referência a Pocahontas. Jake se apaixona por Pandora, pelos Na'vi e por Neytiri (Zoe Saldanha), filha dos líderes da tribo. O que é mais que suficiente para que se empenhe na luta dos nativos para salvar o planeta. Com a ajuda da doutora Grace (Sigourney Weaver), cientista criadora do projeto Avatar, e de poucos humanos ele vai enfrentar todo o poderio militar da Terra, que está sob o comando do incansável (mesmo!) Coronel Quaritch (Stephen Lang).
Avatar é uma mistura de ficção-científica e fantasia com personagens caricatos, roteiro bastante previsível, e um mundo novo rico (muito rico), em detalhes. Em tempos de reuniões sobre o meio-ambiente que não levam a lugar nenhum, o longa fala sobre a relação com a natureza, com outras culturas. E sobre as coisas que valorizamos.
Os problemas inerentes a natureza humana, como a dificuldade de entender, e aceitar o diferente, e a ganância tomando lugar das coisas que realmente deveriam ser valorizadas, parecem ficar mais evidentes nesse ambiente alienígena fantástico. Embora nenhum desses temas seja inédito na sétima arte, é bom revê-los retratados de forma eficiente e persuasiva. Talvez algum dia um desses filmes consiga influenciar nossos líderes. Com o garotinho de oito anos sentado ao meu lado funcionou bem.
Entretanto o roteiro não é o forte de Avatar, nem o responsável pela reboliço em torno do filme. É na área tecnológica e visual que ele realmente se destaca. Pensada para 3D (a intenção era total imersão no universo criado por James Cameron), Pandora tem um número inacreditável de detalhes, um ecossistema próprio plantas luminescentes, animais nunca vistos, mesmos os insetos são detalhadamente reais. O planeta respira nas telas (mesmo em 2D), assim como seus habitantes, que mesmo ao lado de pessoas de verdade não parecem nem um segundo falsos.
O longa teve uma tecnologia de captura e movimentos desenvolvida para ele, que combinado ao ótimo trabalho do elenco tornou os Na'vi reais. Eles tem sua própria língua, modo de andar, movimentar e se relacionar com tudo a sua volta, e ainda conseguimos reconhecer o trabalho dos atores sob aqueles rostos azuis de olhos brilhantes. Tudo isso, não apenas os torna críveis como gera uma empatia incrível com o público. Torcemos contra nossos conterrâneos em prol da causa dos azuis.
O diretor/roteirista/criador James Cameron passou mais de uma década refinando seu mundo e entregou um universo rico em detalhes e possibilidades. Por todos esses motivos Avatar já é a segunda maior bilheteria do cinema. Só perde para Titanic de... James Cameron.
Avatar (Avatar)
EUA - 2009 - 162 min
Ação / Ficção científica
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