À certa altura desta primeira temporada de Alien: Earth eu me perguntei porquê ainda estava acompanhando a série? Já que não me importava com humanos, sintéticos, hibridos ou mesmo aliens. A resposta provavelmente é o apego à franquia, e a boa proposta da série. Mas admito, a execução quase me fez desistir.
A série se passa dois anos antes do evento de Alien: O Oitavo Passageiro, em 2120, quando a Terra é controlada por cinco corporações: Prodigy, Weyland-Yutani, Lynch, Dynamic e Threshold. Humanos, ciborgues e sintéticos habitam o planeta, mas Boy Kavalier (Samuel Blenkin) o jovem gênio por trás da Prodigy acaba de dar um passo além.
Ele criou os primeiros hibridos, seres sintéticos com consciência humana, mais especificamente de crianças doentes em estágio terminal. Wendy (Sydney Chandler) é a primeira delas, mas que ainda se preocupa com o irmão dos tempos em que era humana Marcy. Quando uma nave da Weyland-Yutani cai em um dos prédios da Prodigy, a jovem encontra uma forma de rever o irmão, que trabalha em forças de resgate. Convencendo seu criador a deixar ela, e seus colegas hibridos, os meninos perdidos, ajudarem nos salvamentos.
É claro, esta nave está repleta de criaturas alienígênas, e tem sua própria conspiração por trás de sua queda. É assim, que hibridos, aliens e o ciborgue Morrow (Babou Ceesay de longe o mais interessante em cena) entram em rota de colisão. O problema é que esta rota é extensa e superficial demais.
Os conflitos chave são definidos logo nos primeiros dois episódios. Os hibridos, super fortes e cheios de habilidades, eventualmente vão tormar consciência de sua natureza e questionar a autorirade. Morrow entrará em embate com as forças da Prodigy. Wendy vai ter que compreender suas lealdades com o irmão humanos e os irmãos hibridos. E obviamente, os aliens se soltarão e causarão o caos.Dilemas e embates que são resolvidos as pressas nos dois episódios finais. Mas, a série tem oito episódios que ensaiam, mas nunca conseguem desenvolver os personagens, e conquistar nossa fidelidade a eles. Mesmo apelando para alegoria frágeis.
Sim, tudo isso ocorre em uma ilha, o criador é o "menino gênio", os hibridos tem nomes dos personagens de Peter Pan. São crianças que não crescem. Exceto é claro, Wendy, que volta para casa. Na peça João e Miguel também voltam, mas a alegoria não foi tão longe.
Kavalier se mostra um gênio burro, quando percebemos que ele mais delega do que cria. Ele não criou os hibridos tem cientistas para isso. Ele também não pesquisa os aliens. Aparentemente eles só tem as ideias e ambições. Não é preciso ser gênio para tal. E sua prepotência ainda faz com que a administração dessas equipes seja extremamente falhas.
Já as crianças hibridas tem tramas aborrecidas, ciúmes, disputas e brincadeiras que pouco agregam a riqueza das possibilidades. E mesmo a trama de Slightly (Adarsh Gourav), que está sendo chatageado é arrastada e confusa devido à personalidade hesitante do menino. Nos resta Wendy, que não decide entre seu lado humano e máquina. O que a leva a se aproximar dos Aliens, eventualmente tirando autonomia e diminuindo a letalidade da ameaça que dá nome à franquia.
E, honestamente, quantos minutos observando o menino gênio, assistindo a menina-robô fazendo sons estranhos com a boca para o xenomorfo são necessários para construir essa relação? Muito menos do que a série decidiu mostrar, certamente.
Já o episódio dedicado à Morrow, e ao que aconteceu na nave antes da queda, In Space, No One..., o quinto da temporada, chega tarde demais, e se mostra desnecessário. À exceção da informação de que a nave fora sabotada por Kavalier, que poderia ser transmitida de muitas outras formas, o episódio de fato não traz nada de novo. Sabemos que as criaturas se soltaram, atacaram a tripulação e o ciborgue foi instruido pela Weyland-Yutani a dar prioridade aos aliens em detrimento da tripulação desde a breve cena na abertura do piloto.
Assim todo o episódio é na verdade uma recriação frágil do clássico Alien: O Oitavo Passageiro. Sem o mesmo carisma, tensão, ou preocupação com os personagens. Mesmo porquê sabemos de antemão que todos morrem. Nem mesmo os ataques, e as novas criaturas, são empolgantes. Aliás à excessão do olho com tentáculos, a maioria é mal explorada.
E por falar na ação, uma vez que a série a restringe na ilha e nas instalações situadas nela, as sequencias oscilam entre uma emulação do que já vimos em naves na franquia. E em uma espécie de Jurassic Park com "animaizinhos" de outro planeta. Apesar do título (Earh é Terra em inglês), ainda não é nesta temporada que vemos o xenomorfo interagir com o nosso planeta de fato.
Já o desfecho encerra um arco, mas não a jornada. É claro, que a Disney, deixaria ganchos para temporadas futuras. Mas não precisavam ser tantos!
Alien: Earth tem uma premissa excelente, conceitos e criaturas que podem expandir e muito uma franquia que já é rica. Mas se perde na evolução. os quatro episódios centrais bem poderiam ser excluídos, e a série ainda faria sentido, mas sem cansar tanto. Cheguei ao final dessa vez, mas sem anseios para uma segunda temporada!Alien: Earth tem oito episódios com cerca de uma hora cada, todos disponíveis no Disney+!
Leia mais sobre a franquia Alien!
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