Quando adaptações para o cinema também são superproduções, elas precisam alcançar público suficiente para justificar seus altos custos. E na imensa maioria das vezes, os fãs já cativos, vindos da obra original, sejam livros, games, ou até personalidades, não alcançam essa meta financeira. Logo, as produções precisam ser palatáveis para toda a audiência. Ainda mais, considerando obras para o público infanto-juvenil, que leva os responsáveis junto para a sala de cinema. É aí, que Um Filme Minecraft mais falha, ao excluir não jogadores da aventura.
Uma dupla de irmãos que acabaram de perder a mãe (Sebastian Eugene Hansen e Emma Myers), uma corretora de imóveis que faz vários bicos para viver (Danielle Brooks) e um jogador profissional de videogames falido e preso nos tempos de glória (Jason Momoa), transportados para o Overworld, um mundo cúbico e bizarro onde a imaginação reina. Chegando lá, são ajudados por Steve (Jack Black), outro humano que encontrou o portal há tempos, e tem experiencia nesse mundo, para conseguir sobreviver e voltar para casa.
Uma aventura simples, em um mundo fantástico, que não reinventaria o gênero, mas que teria tudo para dar certo. E dá, mas apenas para aqueles já bem familiarizados, com personagens e diretrizes do jogo Minecraft. Para todos os outros, as regras desse universos são confusas e mudam constantemente. Não porque é um mundo mágico, mas porquê o roteiro precisa. Um bom exemplo são as noites, que deveriam acontecer a cada vinte minutos, mas uma vez que a aventura começa de verdade, nunca mais ocorrem. Enquanto os personagens, que poderia ser nossos guias através desse novo mundo são rasos, e suas jornadas mal exploradas.
Os elementos estão lá, um grupo de desajustados, que sabemos que eventualmente encontrarão uma família uns nos outros. Os irmãos que precisam aprender a cuidar um do outro, o adulto que vive de passado, e o que literalmente escapou da realidade infeliz para um mundo mágico. Clichês que geralmente funcionam, mas aqui são apenas jogados na tela, e deixados de lado em prol da correria e comédia. Isso para não mencionar a personagem de Danielle Brooks, que nem este mínimo de atenção recebe.Assim, discordância entre irmãos, são resolvidos sem que nada os faça mudar de pensamento. Traições são perdoadas de uma cena para outra. E convicções são abaladas apenas com frases de efeito. Deixando evidente que o filme tem mais personagens, e dilemas do que está disposto a lidar. De fato, por boa parte da aventura as personagens femininas são deixadas para trás. Para o trio de rapazes seguir com a diversão, e mesmo entre eles o jovem Henry (Sebastian Eugene Hansen) é deixado em segundo plano, para que o filme explore o carisma e interação entre Momoa e Black. O que nos faz imediatamente nos perguntar, porque não mantiveram apenas os dois no roteiro.
O gosto pessoal é o que vai definir o sucesso dessa aposta na interação entre os astros. Alguns vão embarcar no humor, e principalmente carisma da dulpa. Outros, nem tanto. Particularmente, acho que a dupla esta vivendo personagens bastante parecidos, o adulto barbudo esquisito e fracassado, que não se complementam. Enquanto o tom expansivo constante de suas atuações, cansa rápido e tira parte da graça das piadas, que já são por natureza duvidosa. Será mesmo que é tão engraçado ver Black literalmente montando Momoa?E por falar em piadas de tom duvidoso em um filme para molecada. Impossível não questionar a existência da trama paralela vivida por Jennifer Coolidge no mundo real. A única explicação que encontrei, seria para trazer um pouco do mundo de Minecraft para a realidade, em oposição a aventura principal onde pessoas do mundo real visitam o mundo quadrado. Mas acredito que haviam formas mais simples e menos destacadas da trama principal de fazer o mesmo.
E por falar no mundo de Minecraft, esse sim é um acerto! Um CGI muito bem pensado e construído, que torna as interações entre humanos e blocos surpreendentemente realista. Um mundo realmente divertido de ver, que quando exclui os humanos, como nas cenas da vilã e seus capanga, nos faz pensar o quão livre e divertidos os filmes poderiam ser se feitos sem o live-action, totalmente em animação computadorizada.
Quanto aos temas, além dos rasos dramas familiares e pessoais que já mencionei. O filme ainda teria espaço para falar de vício, fuga da realidade, e ganancia versus criatividade. Uma vez que a vilã assim como jogadores, só pensa em lucrar com o mundo, deixando de lado a imaginação e diversão. As indicações para essas discussões estão lá, mas o roteiro nunca se dispõe a discutir de fato.
Um Filme Minecraft (A Minecraft Movie)
2025 - EUA - 101min
Aventura, Comédia
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