À começar pela promessa de acessibilidade. O Disney+ se tornou o distribuidor oficial da série ao redor do mundo, a partir de agora. Enquanto uma promessa do SBT, dá esperanças de acesso gratuito às temporadas antigas, a partir de 2024. E terminando pelo fechamento de um clico, e um leve reeboot, para abraçar novas gerações, assim como a série fizera lá em 2005.
Em A Fera Estelar (The Star Beast) o Doutor, confuso por revisitar um antigo rosto, esbarra na única ex-companion que não poderia visitar. Uma grande ameaça parece convergir para Donna Noble (Catherine Tate), por mais que ele tente afastar-la, e a si mesmo, da melhor amiga e de sua família. O reencontro forçado é inevitável, e enquanto combatem uma ameaça imprevisível na Terra, Donna torna-se um pilar, para esse Doutor cansado e confuso, e o início de um longo processo de cura.
Quanto à aventura em si, alienígenas criativos, efeitos práticos e o retorno da UNIT. Além de apresentação de Rose (Yasmin Finney). A primeira personagem abertamente trans da franquia veio relembrar, e escancarar para aqueles que teimam em não enxergar, o quão inclusiva, atual e sem preconceitos é a série. Além de deixar claro, que quer conversar também com as novas gerações, e não apenas com os fãs antigos.
O resultado é um episódio simples em sua forma, mas complexo nas reflexões. E principalmente perturbador nas imagens e consequências. Fornecendo a interação e parceria entre Doutor e companion que a gente tanto adora, e no caso da dupla Doctot-Donna é sempre divertida, emocional e imprevisível.
O episódio traz de volta a UNIT, antigos e novos parceiros, para imbuir o Doutor de "propósitos" e o preparar para sua nova fase. Sim propósitos no plural, pois em se tratando de Doctor Who tudo é possível, e novos parâmetros foram criados para sua mitologia.
A partir daqui, o texto conta com spoilers do episódio, prossiga por sua conta e risco!
É a "bi-regeneração" o tal recurso que cria a possibilidade de continuar a série, simultaneamente encerrando-a e a renovando. Ao dividir o protagonista em dois, o roteiro mantém o Doutor na ativa. Ncuti Gatwa chega para dar cara e ânimo novo para o cansado personagem, continuando a jornada e trazendo novos espectadores.
Além de quer finalmente proporcionar ao personagem a família que sempre buscou, entre personagens favoritos do público, é extremamente satisfatório para o público cativo. É claro, isso também o deixa à disposição para quando que a criatividade, ou crises de audiência exigirem.
Ter esta 14º encarnação reservada para "momentos de emergência" é uma sacada de mestre dos roteiristas. Pode ser que ele apareça em eventos especiais, quando a série precisar de novos rumos (leia-se audiência ruim) ou pode ser nunca os revisitemos novamente. Tudo é plausível, possível e satisfatório.Há ainda quem diga, que esta é a primeira encarnação do Curador. Uma suposta versão do Doctor que conhecemos no especial de cinquenta anos, que deu a entender que após a "aposentadoria", o personagem revisitaria antigos rostos. Nesta teoria, teríamos acabado de acompanhar seu nascimento. Outra opção muito satisfatória para os fãs!
Teorias, reflexões, metáforas e analogias à parte, o especial de 60 anos de Doctor Who traz o que a série tem de melhor. Aventuras meio loucas, divertidas, personagens carismáticos, e sua infinita capacidade de se reinventar.
Traz Tennet e Tate de volta para matar a saudade dos nostálgicos, ao mesmo tempo que os usa como impulso para Gatwa, que faz sua estreia com o carisma e a familiaridade de um velho amigo. Mais que uma celebração, é um recomeço muito bem planejado!
Eu já estou pronta para recomeçar a jornada, e você?
Os três episódios especiais de 60 anos da série estão disponíveis no Disney+. Em 25 de Dezembro, Ncuti Gatwa assume de vez o painel de controle da Tardis, provavelmente enfrentando um dos maiores inimigos do Doctor, o Natal! (entendedores, entenderão!)
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