
Miguel (voz de Anthony Gonzalez) é um menino que sonha em ser músico, mas por causa de um trauma, sua família baniu a música de sua casa há gerações. Determinado a seguir seu sonho, ele confrontar seus pais e avós em pleno dia de finados, e acaba quebrando a barreira entre o mundo dos vivos e mortos. Em sua jornada para voltar para casa, ele descobre o verdadeiro valor da família.
A aventura que começa com um conflito de gerações, se mostra uma jornada com muito mais mensagens e discussões que a simples diferença de pensamento entre pais e filhos. O longa, fala de mágoa, memória, amor, e claro, morte. Não apenas a morte física e simples, mas a morte espiritual, morte por ausência, pela incapacidade de perdoar, e pelo esquecimento. Há sim, um destino pior que a morte para os personagens já falecidos em Viva, deixar de existir pois ninguém mais se lembra de você. Mensagens que embora pesadas, são inseridas de forma leve e orgânica na aventura, para serem captadas em diferentes níveis de acordo com a maturidade do expectador. E sim, tem espaço para as piadas acessível para os pequenos.


Mas calma, esta mensagem acidental é um erro pequeno diante do universo de acertos do longa. E nem de longe atrapalha os bons conceitos que ele pretende e consegue passar, sem ser demasiadamente piegas ou panfletários. São lições atreladas a história assimiladas de forma orgânica pelo expectador.
E sempre há a qualidade de produção da Pixar, que aqui cria uma megalópole multicolorida e tão, ou mais viva, que o mundo dos vivos. A alegoria não é original é verdade (já vimos mundos dos mortos vibrantes em A Noiva Cadáver e Festa no Céu, por exemplo), mas a escala é gigantesca. A cidade dos mortos não é apenas deslumbrante, é funcional, é cotidiana. Existem regras, trabalho, burocracia, entretenimento, classes sociais, relacionamentos, falecidos ou não, aqueles personagens realmente vivem ali.
O mundo dos vivos, também não fica atrás em qualidade ao retratar uma realidade mais realista e limitada (em atividades dos personagens, não em qualidade de criação) que seu contraponto sobrenatural. Uma cidadezinha do interior, onde uma família vive focada em seus sustento e tradições.

A música completa o pacote. Afinal seu protagonista é apaixonado por música, e o longa é um musical que mais assemelha aos longas da Disney que da Pixar, inclusive nos acertos. As canções são excelentes e servem a narrativa, impulsionando os personagens para a frente, e fortalecendo o tom emocional de cada cena.

Viva - A Vida é uma Festa, aposta em uma trama simples para apresentar seu universo complexo e investir nos personagens, e consequentemente suas emoções. Acerta ao falar de morte, assunto que animações costumam evitar (a menos que você seja o vilão e mereça uma morte dramática em uma queda). Talvez seja o longa mais melancólico do estúdio para alguns, mas além dessa melancolia é uma aventura doce, sobre manter aqueles que amamos sempre conosco.
Viva - A Vida é uma Festa (Coco)
2017 - EUA - 105min
Animação, Fantasia, Musical
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