Extraordinário

Algumas fazes da vida são aterrorizantes, mas necessárias para nosso desenvolvimento. Deixar a segurança do lar e frequentar a escola é um desses desafios comuns a todos e extremamente importantes para aprendermos a viver em sociedade. É por isso, que em Extraordinário, a mãe de August Pulman insistiu para que o garoto encarasse o desafio, apesar da grande capacidade das crianças de serem cruéis e diretas.

Auggie (Jacob Tremblay) e já passou por 27 cirurgias para ajudá-lo a sobreviver as deformação facial com que nasceu. Mas, seu rosto ainda chama atenção das pessoas, e afeta na como o menino é encarado por elas. Aos 10 anos ele vai frequentar uma escola comum pela primeira vez e aprender a lidar com as diferentes, e geralmente negativas, reações das pessoas.

Seguindo o formato do livro homônimo de R.J. Palacio em que foi baseado, o longa aborda este período da vida de Agguie a partir de diversos pontos de vista, passando pelo olhar (e narração constante) do protagonista, sua família e amigos. Assim, apesar de ser o centro da trama, o foco em sua deformidade não é excessivo. Não importa como August se parece, mas como as pessoas vivem naquele universo.

Acompanhamos as reações mais verdadeiras, as das crianças que despidas das normas de "conduta" e do politicamente correto, podem sim ser cruéis. Mas também não se intimidar pela diferença, ou voltar atrás e deixar os preconceitos de lado. Tudo bem conduzido por um elenco miri, bem escolhido e conduzido. Entre eles o destaque fica com Noah Jupe, intérprete do bom, porém influenciável, garoto. E das meninas Millie Davis, a mente aberta Summer, e Elle McKinnon, a avoada Charlote.


Via (Izabela Vidovic), irmã de Auggie que passou a vida se anulando para poupar a família de mais problemas começa a se descobrir. É na trama dela que descobrimos a curta, porém eficiente participação especial de Sônia Braga. É com ela também a ligação mais forte com outra personagem de ponto de vista Miranda (Danielle Rose Russell, roubando as atenções quando aparece). Owen Wilson, está confortável no papel do "pai legal", que ajuda o filho a enfrentar dificuldades com muito bom humor.

Contudo, são Julia Roberts e Tremblay os verdadeiros destaques do filme. Longe da figura de Uma Linda Mulher, mas ainda com o sorriso que ilumina a cena, Roberts passa verdade na pele de uma mãe incansável, zelosa e dedicada, que nunca desiste de tentar dar a melhor vida para seu filho, apesar das dificuldades. 

Jacob é quem carrega o filme. Mesmo sob pesada, e muito bem feita, maquiagem, o protagonista de  O Quarto de Jack, consegue transmitir muito todos os sentimentos do garoto. Passando pelo medo, desesperança, euforia sempre com um tom lúdico inspirado pelos sonhos do menino de conhecer o espaço e os ícones relacionado ao tema. Muitas referencias à Star Wars presentes. 

A não ser pelo preconceito, não há um grande vilão ou um dilema gigantesco, apenas empasses do dia-a-dia. Daqueles que quando finalmente enfrentamos deixam de ser um problema gigante. Em outras palavas, dilemas fáceis para qualquer audiência se relacionar. E mesmo o preconceito, que é mais difícil de combater, é um desafio presente em nosso cotidiano. 

Dividido em diversos pontos de vista, Extraordinário consegue conferir camadas, mesmo que não muito profundas ate ao menor dos personagens, sem perder o foco em seu corajoso protagonista. Seus problemas reais e familiares ao público geram empatia espontânea, enquanto seu elenco carismático e eficiente garante as lágrimas. Tudo isso com um tom lúdico e otimista que confere leveza à narrativa. Com tantas qualidades, as mensagens edificantes são apenas um bônus!

Extraordinário (Wonder)
2017 - EUA - 113min
Drama

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