
No terceiro ano da Guerra Cívil estadunidense, um soldado da união ferido é regatado por um grupo de mulheres sulistas de um internato para moças. A chegada do "inimigo", desperta, curiosidade, medos, dúvidas, desejos e intrigas em seu cotidiano entorpecido pela guerra.
É mudando o ponto de vista, agora vemos a história através das mulheres, que a diretora começa a dar nova forma à história. Sim, a chegada do cabo John McBurney (Colin Farrell) é o que coloca a história em movimento, mas são as moradoras do internato comandado por Martha Farnsworth (Nicole Kidman) que conduzem a trama. Assim as duas professoras e cinco alunas, todas de personalidades distintas e bem definidas reagem cada uma à sua maneira à presença do estranho. O foco maior está nas figuras da madura Sra. Farnswoth, a remprimida professora Edwina (Kirsten Dunst) e a adolescente "rebelde" Alicia (Elle Fanning), mas todas as moças tem seu tempo de tela e função na trama. É a pequena Amy (Oona Laurence), por exemplo a responsável pela decisão de resgatar o soldado ferido.
Além do conflito imediato - salvar uma vida ou entregar o inimigo às autoridades? - cada uma das mulheres tem uma relação diferente com o visitante, do qual nunca temos certeza completa das intenções. Efeito tanto, da escolha de focar na visão das mulheres, quando da forma mais contida com que o personagem é apresentado. Eficiente no papel, Farrell mantém o público em alerta constante, ao apresentar comportamentos distintos de acordo com sua "parceira de cena". Romântico, ameaçador, galanteador, um homem seriamente traumatizado, nunca realmente compreendemos quem é John McBurney, e isso aumenta a tensão em torno de sua presença. E de fato não é importante já que o interesse aqui é a percepção das mulheres à ele.
Quem fica com o destaque aqui é Dunst, que transmite apenas com olhar e expressões sutis, todo o turbilhão de emoções por baixo da expressão contida da contida professora. Já Fanning é muito bem sucedida ao criar uma adolescente indomável e cheia de curiosidade quanto a sua sexualidade "recém despertada". Nicole Kidman que soa fora de tom em alguns momentos, falhando em imprimir um pouco mais de força e experiência de uma pessoal responsável por várias jovens.

Muito bem executado e sem pontas soltas O Estranho que Nós Amamos é um filme conciso e intimista. Eficiente em explorar os dilemas dos moradores desta "casa das sete mulheres", com um discurso feminista e inteligente nas entrelinhas. Em plena era do "remake", quando a sensação geral é de que nada mais é "sagrado" ou no mínimo suficiente. Eventualmente, somos surpreendidos por obras que precisam, ou mesmo mereçam, um novo olhar. Sofia Coppola ofereceu uma versão melhor e mais eficiente da história que chama atenção pela sua franqueza.
O Estranho que Nós Amamos (The Beguiled)
2017 - EUA - 93min
Suspense, Drama
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