Desde sua versão feiosa (o "adaptado" Nosferatu), passando pelo glamour de Bela Lugosi, os atormentados charmosos de Anne Rice, até os suspeitos representantes brilhantes recentes, uma coisa os vampiros nunca foram: inocentes. Não era para menos, em uma figura inspirada por Vlad, o Empalador. Curiosamente (ou não), a primeira versão para os cinemas que tem seu foco na figura humana, e cruel, que inspirou a literatura parece inocentar ou ao menos justificar os atos de seu protagonista.
Nesta espécie de "Drácula Beggins" Vlad Tepes (Luke Evans, de O Hobbit), tornou-se um guerreiro mortal devido à um acordo/tradição, que mantém a paz entre os moradores da Transilvânia e os Turcos: á cada geração centenas de meninos são enviados para serem treinados e lutarem pelos turcos. Famoso por sua habilidade em batalha, e por empalar seus adversários, quando liberado de seus serviços Vlad volta para reinar sua terra. Quando outra geração é convocada, incluindo seu filho (Art Parkinson, o Rickon Stark de Game of Thrones), ele decide que é hora de novas tradições e inicia uma guerra contra um adversário superior. Consciente de sua desvantagem, e ele faz um pacto com uma misteriosa criatura das trevas (Charles Dance, o Tywin Lannister, também de Game of Thrones) e se torna um vampiro.
Evans bem que se esforça, mas sua versão de Drácula, nunca tem o peso que seu nome sugere. Principalmente por causa do roteiro, que a todo tempo perdoa o protagonista por seus atos. Ele empalou dezenas em batalha? Ok. É uma guerra. Ele pôs todos os seus súditos em risco, ao quebrar um pacto de forma impulsiva e impensada? Tudo bem, é um pai defendendo seu filho! Ele decide virar um monstro bebedor de sangue? Não tem problema, é para defender seu povo. Tudo para garantir que o expectador torça pelo protagonista. Como se fosse completamente impossível, se interessar por um personagem que não é necessariamente bom.
Ignorando a personalidade dúbia de Drácula, e toda a riqueza de dilemas que esta traria. Drácula - A História Nunca Contada, tenta entregar um épico de ação com uma história de origem, com a possibilidade de criar sequencias. Afinal, não é segredo que a Universal tem o objetivo de ressuscitar e transformar em franquias todos os seus monstros clássicos. Mas ele também falha como filme de ação. Extremamente escuro traz cenas de ação incompreensíveis, e com uma curiosa ausência de sangue para um filme sobre vampiros. Em benefício da diminuição da classificação etária, acredito.
Também fica mais fácil para os pequenos, quando tudo é muito bem explicadinho, nos mínimos detalhes. Didático, desde o processo de "vampirização", até o a explicação da alcunha Drácula. Não precisava tanto.
O resultado é um filme leve demais. Especialmente para sua mercadológica frase de efeito - "às vezes o mundo não precisa de um herói, e sim de um monstro" - Que monstro? Vlad é apenas um bom homem, que fez péssimas escolhas.
Mas nem tudo está perdido, uma vez que a pequena porém excelente participação de Charles Dance, traz uma história paralela, pensada para virar continuação, infinitamente mais interessante, que esta saga de origem. Uma sequencia, com o que este vampiro original tem a dizer, ou fazer. Neste filme estou interessada.
Drácula - A História Nunca Contada (Dracula Untold)
EUA - 2014 - 92 minutos
Ação
Muito boa sua resenha! Eu estou super curiosa pra ver esse filme, mas ao mesmo tempo estou com um pé atrás gigante justamente por causa dessa mania atual de justificar e deixar todo mundo bonzinho.
ResponderExcluirQuem sabe quando chegar na televisão eu assista.
Beijão :*
aleatoriedadesdeluiza.blogspot.com.br
Concordo! A menos que você esteja de bobeira por perto do cinema, ou role uma mega promoção no ingresso, não precisa correr mesmo não. Dá para esperar, a locadora, netflix, TV...
ResponderExcluirValeu pela visita!
Bjs
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