
Evite conhecer a fundo seus maiores ídolos, especialmente se terceiros escolherem a versão que será apresentada à você. Afinal, na realidade ninguém é perfeito, e na versão de terceiros, qualquer figura pode ser manipulada para atender a seus objetivos. Logo, ficamos desapontados ao conhecer a P. L. Travers, verdadeira protagonista de Walt nos Bastidores de Mary Poppins.
Embora seja verdade que a escritora de Marry Poppins fosse uma pessoa extremamente rabugenta, é difícil acreditar que a nada simpática senhora, criara um dos mais adorados personagens imortalizados pelos estúdios Disney. E ela não criou mesmo! Sua Marry era muito mais fria que a vivida por Julie Andrews, que foi, à contragosto da autora, modificada por Walt.
É essa relação entre autora e cineasta que Walt nos Bastidores de Mary Poppins se propõe a apresentar, supostamente de forma fiel, mas deixando de lado detalhes inconvenientes à magia do reino do Mickey. Além de fazer um paralelo entre a infância difícil de Travers e sua relação com sua obra, especialmente o personagem Sr. Banks. Por isso o título original Saving Mr. Banks, em tradução livre, Salvando o Sr. Banks.
Assim P. L. Travers (Emma Thompson) é apresentada como uma caricata britânica* esnobe, e até um pouco patética, que reclama sem pudores de tudo e todos. Enquanto Disney (Tom Hanks), é um magnata bonachão do entretenimento, que se importa mais com a magia que suas obras oferecem às pessoas que com os lucros. A ponto de tentar negociar por 20 anos os direitos do livro com uma mulher rabugenta apenas para atender um pedido das filhas.

Eventualmente, Disney e as mágicas canções de Richard e Robert Sherman (Jason Schwartzman e B.J. Novak) resgatarão Travers de sua rabugice, como se só bastasse uma colher cheia de açúcar para tal. Psicologia barata, até porque na vida real Travers nunca aprovou a premiada versão cinematográfica, e impediu a adaptação de suas outras obras. A Mary Poppins que conhecemos, só surgiu graças a pressões financeiras, sob supervisão de roteiro pela autora e diversas condições que Disney desrespeitou, como as sequencias de animação, e as músicas.


Walt nos Bastidores de Mary Poppins tem grandes pretensões mas, hesita em apresentar todos os aspectos, bons e maus, da história. Tanto Travers quanto Disney ainda merecem serem retratados apropriadamente na tela grande. Ao menos, o longa faz com que fiquemos com vontade de rever Mary Poppins, este sim um clássico!
Walt nos Bastidores de Mary Poppins (Saving Mr. Banks)
EUA - Reino Unido - Austrália - 2013 - 125 min.
Comédia / Drama
*P. L. Travers era na verdade Australiana, mas se reinventou como britânica.
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