Comic Con Experience: A Experiência - 2018

A Comic Con Experience comemorou cinco anos com um feito impressionante, tornou-se a maior do mundo em poucas edições. Quatro para ser mais exata, o título já fora alcançado no ano passado. A convenção atrai as maiores empresas, recebe bem e encanta grades nomes dos quadrinhos, games, cosplay e de Hollywood. A estrutura para atendê-los, e até para quem não pode estar presente - quem acompanhou pelas lives do Omelete? - é impecável.
Como faz para ser convidado de estúdio? O Tom Welling bem reparou nas cadeiras vazias em seu painel!
Entretanto, em meio ao crescimento acelerado, um aspecto importante tem deixado a desejar, o atendimento ao público comum. Está faltando aquele olhar mais atento ao chão da feira, as filas, aos estandes, a segurança e outras áreas frequentadas pelo público que deu ao evento o tal título de maior do mundo. Eu já havia apontado alguns destes detalhes ano passado, mas já que quase nada mudou, resolvi mudar o texto deste ano e reunir as minhas obervações e de outros frequentadores em um só post. E quem sabe abrir uma discussão de como a CCXP pode ficar ainda mais épica.

Superlotação
Esta parece ser a principal reclamação do público. O número de participantes parece ter excedido a capacidade do São Paulo Expo. No sábado e domingo, é quase impossível circular pela feira. O excesso de gente, e a falta de planejamento para receber esta quantidade de pessoas acaba por influenciar toda a experiência.

Filas
Não precisa fazer alarde e me "esclarecer" que toda Comic Con tem filas. Sabemos que tem, e estamos preparados para isso, mas filas que levam o dia inteiro, para apenas tirar uma foto em um estande, são sim um absurdo. E acreditem, elas não são a pior coisa.

Já que o estacionamento usado para organizar as filas de entrada no evento, já não comporta mais o número de pessoas, o caos é inevitável. Quem se organiza para chegar mais cedo, acaba entrando no último pavilhão, e às vezes muito depois de quem chegou mais tarde.
Toda essa gente ali na frente chegou bem antes de mim, mas eu entrei primeiro! 

Auditório e suas filas
A coisa complica mais ainda quando compete ao auditório. Praticamente com a mesma capacidade de 2016 (pouco mais de 3 mil pessoas, o Hall H, em San Diego comporta o dobro disso, e eles não são "a maior do mundo"), entrar nos dias mais concorridos é um desafio. Ainda mais quando os organizadores confundem as filas e liberam a entrada de quem chegou por último primeiro. Confusão que quase colocou o auditório a baixo na sexta-feira. Por mais que eu discorde da prática de dormir na fila, que só aumenta a ansiedade e o desespero por uma vaga. A ordem de chegada deve ser respeitada sim. 

Mar de gente, a fila interna do auditório está ali em algum
lugar, logo abaixo desse telão!
E quando você acha que a coisa não pode ficar mais complicada... Relatos de frequentadores, apontando funcionários da organização vendendo as pulseiras para o auditório. Aqui a falha é de duas vias, do carinha que roubou as pulseiras para revender - sim, é roubo - e dos "espertalhões" que as compraram. Você já pagou pelo ingresso, cara! Não está tendo vantagem sobre ninguém, apenas perdendo dinheiro.

Acompanhar a galera discutindo nas redes sobre as soluções para filas e auditórios é atividade para horas. E vez ou outra pode aparecer uma ideia realmente boa.

Epic
E por falar em pagar a mais, o que dizer do pacote Epic? Eles desembolsaram uma grana, e passaram por quase todos os perrengues que o público comum.

Estandes
A variedade diminuiu. As grandes empresas e estúdios estão com espaços cada vez maiores, e consequentemente expulsando estandes menores que marcavam presença desde 2014. Cadê a Comix para fazer concorrência aos preços da Panini? A galera ainda sentiu falta da Leya, Saraiva, Hasbro, Mundo Geek, Social Comics entre outras. Menos opções = pouca concorrência = preços mais altos nas lojas e filas enormes nas ativações.
Com estandes gigantescos, a hoomenagem aos 80 anos de Superman, ficou espremida em um cantinho, quem participou?

Tinha brinde para todos os gostos sim!
E nem vou mencionar os brindes limitados, que faziam os frequentadores os disputarem, como urubus em uma carniça.

Acessibilidade
O São Paulo Expo é sim acessível, mas as escadas rolantes no caminho pela qual as filas de entrada passavam estavam constantemente desligadas, complicando a tarefa para quem tem dificuldade de locomoção que não envolva cadeiras de rodas. Outro detalhe curioso, alguns banheiros de cadeirantes, estavam trancados para uso dos funcionários dos estandes.  Não sei se atrapalhou quem realmente precisa deles, mas eu achei esquisito.

Fitas e agendamentos
Alguns estandes bem que tentaram controlar a bagunça, mas a solução não funcionou. Marcar horário para brincar na Warner só era possível para quem tinha um smartphone e acesso a internet, e as vagas eram limitadas. Já as três mil  fitas diárias para participar das ativações da HBO acabavam em dez inacreditáveis minutos, talvez porque quem distribuía deixava algumas pessoas levarem mais de uma.

Alimentação
Essa não é uma falha da CCXP apenas, mas de todo evento fechado no Brasil. O preço é salgado, e como os estandes estão cada vez maiores, as opções parecem estar restritas. Vegetarianos, veganos e pessoas com restrições alimentares, sentiram falta de opções. Já entre o público em geral era comum ver bolsas térmicas com toda a comida a ser consumida no dia.

Um salve aqui para a loja da Cup Nooldes, que salvou a vida de muita gente cobrando apenas R$5,00 pelo macarrão no copo.

Privilégios pagos
Não tenho nada contra os pacotes mais caros, mas uma coisa não posso deixar de notar. Desde o ano passado, eles ganham uma hora a mais de feira para aproveitar. Significa que a feira abre uma hora mais cedo para eles? Não. Abre uma hora mais tarde para todo o resto. Oferecer um privilégio para quem pode pagar mais não deveria, significar tirar de quem não pode. 

Saída
Gente, muita gente!
Este ainda é o grande desafio. Desatar o nó causado por todo mundo saindo no mesmo horário, por apenas um caminho. Quem quiser pegar o ônibus gratuito para o metrô sem enfrentar mais uma fila demorada, precisa sair mais cedo. Quem gosta de "fechar" o evento, normalmente caminha por cerca de meia hora. E nem imagino a dificuldade de quem vai de carro ou opta por táxi e Uber.

Público
Sim, o público também tem culpa no empobrecimento da experiência. Desde os espertalhões que pagam pelas fitas do auditório, passando por quem fura fila, pega mais brindes do que precisa, ou mesmo empurra e esbarra o próximo para passar. Sem educação e bom senso, não há organização que salve.
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Estas são as principais críticas - construtivas espero - que percebi pessoalmente, e entre outros frequentadores. Faltou falar do Meet&Greet. Não participei de nenhum, mas convido quem o fez para deixar a experiência nos comentários. Aliás, comentem se perceberam algo mais que não notei. E como foi para quem só teve um dia para administrar tudo isso. 

Meu balanço pessoal da CCXP 2018 é que, precisa revisar o primeiro e principal problema desta lista. A superlotação, desencadeia a maioria dos outros problemas. Sim, eu sei que muitas destas coisas acontecem em outros eventos, mas não precisamos repetir os erros dos outros não é mesmo? É hora de olhar para o povão, que faz a festa ficar bonita!


Não gostei de fazer este texto, cheio de críticas, mas percebi que era necessário. É muito triste perceber que depois de cinco edições, e vários momentos épicos - este ano teve também, admito! - preciso ser convencida de que ainda vale à pena. De que estes problemas e injustiças vão ser corrigidos, e vou reencontrar aquele evento pelo qual me encantei em 2014.

Não queremos apenas a maior Comic Con do mundo, 
queremos a melhor também!

Leia sobre as todas as edições da CCXP, com relatos detalhados dos painéis, estandes e da experiência, além de dicas para sobreviver aos quatro dias de nerdice!

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