Missão: Impossível - Efeito Fallout

Em sua estréia no cinema, Ethan Hunt protagonizou sua clássica cena pendurado em cabos. Em Missão Impossível 2 ele escalava montanhas sem equipamento de segurança. Na terceira missão, o agente usou um prédio como tobogã, e depois andou do lado de fora do maior aranha-céu do mundo em Protocolo Fantasma. O quinto filme, Nação Fantasma pendurou o astro do lado de fora de um avião durante a decolagem. Missão: Impossível - Efeito Fallout tem a complicada tarefa de colocar o personagem para enfrentar um desafio ainda mais alto e mirabolante, entre outras coisas.

Para corrigir uma falha em missão, e evitar um atentado nuclear Ethan Hunt (Tom Cruise), e o time do IMF precisa correr contra o tempo, unir forças com outros "profissionais", e enfrentar problemas do passado.

Mas fique tranquilo, apesar dos tais problemas do passado, não é preciso ter assistido aos cinco filmes anteriores para embarcar nesta jornada. O roteiro explica tudinho para você, em alguns momentos explica até demais, obrigando o filme a parar para que os personagens tenham discussões de relacionamento, e esclarecimentos de história prévia. Neste aspecto, talvez seja sim necessário um grande conhecimento prévio da franquia. Conhecer bem a equipe, para se importar mais por seus problemas de relacionamento. Já para o espectador que não desenvolveu esta afeição prévia, essas pausas podem causar impaciência. - Quem se impota com que Hunt namora? O mudo está em perigo eminente. - Tal perigo inclui sim, fortes conexões com o filme anterior, todas devidamente explicadas para os novatos. Hunt precisa lidar novamente com Solomon Lane (Sean Harris), que prendeu no passado, e para tal conta com a parceria forçada com o agente especial da CIA August Walker (Henry Cavill, o Superman e seu famigerado bigode*). Ilsa (Rebecca Ferguson), esta de volta com sua própria agenda no caso.

Um tradicional seita maluca/célula terrorista que pretende salvar o mundo por meios nada ortodoxos, parecerias forçadas, divergências entre agências, métodos de ação conflitantes, vilões infiltrados, armações complexas, entre outras características obrigatórias do gênero estão presentes no roteiro. Nada realmente deveras surpreendente, tudo seguindo a risca a cartilha dos filmes de espionagem. A intenção aqui não é surpreender o público mais produzir as situações que tornam possível o que realmente o longa propõe, colocar Cruise nas cenas de ação mais mirabolantes possíveis. Neste sentido o longa não decepciona.

Encontra-se neste filme, sequencias de perseguição intermináveis, que curiosamente exploram muito bem o cenário em que é são situadas. As cenas em paris por exemplo, atiçam o turista que vive dentro de você. Lutas bem montadas, em especial certa pancadaria em um banheiro masculino. E principalmente Tom Cruise correndo loucamente, saltando de alturas vertiginosas, es e pendurando em todo tipo de coisa. Cenas que ganham mais valor, e potencial publicitário, pelo fato do ator optar por dispensar o dublê na maioria delas.

A complicação fica por conta de acreditar em tais loucuras. Exageradas, absurdas e às vezes sem sentido (ser atingido por um raio em pleno ar e sobreviver?), o filme leva cada uma destas sequencias a sério demais, o que não condiz com sua natureza improvável. Falta a capacidade de encontrar humor no absurdo, algo que Brad Bird conseguiu alcançar em Protocolo Fantasma, mas que Christopher McQuarrie não alcança e que ajudariamuito nossa capacidade de suspensão de descrença.

Apesar do palco ser montado para exaltar as qualidades de Cruise, vale mencionar que ele não monopoliza o longa. É claro, os maiores e mais impressionantes feitos são dele, ele é o grade herói, mas o roteiro não menospreza seus colegas de elenco. Todos os personagens tem sua função definida na trama e seu momento de brilhar. Quem aproveita melhor as oportunidades são Vanessa Kirby (a princesa Margareth de The Crown), que esbanja atitude e elegância em seu pouco tempo de tela. E Cavill, curiosamente não pelo polêmico bigode, mas por sua figura debochada e nada sutil em cena, muito diferente do bom moço Kriptoniano por qual ficou conhecido. Simon Pegg, Ving Rhames, Michelle Monaghan e Alec Baldwin estão de volta ao elenco, aque ainda conta com Angela Basset.

Missão: Impossível - Efeito Fallout, acerta em cheio nas sequências de ação, enquanto trabalha as relações entre personagens de forma razoável. Falta mesmo, é dar à Ethan Hunt algo à mais. Uma personalidade que o diferencie melhor de outros super-agentes, e que torne a trama de cada filme distinta dos longas anteriores da franquia, independente da sequências de ação. E já que esta sexta aventura deve sim agradar multidões, resta torcer para que sua provável sequência crie um motivo para pendurar Cruise no foguete, que seja tão memorável quanto a cena em si.

Missão: Impossível - Efeito Fallout (Mission: Impossible - Fallout)
EUA - 2018 - 148min
Ação


*O bigode que Cavill precisou "cultivar" para este filme, causou polêmica ao precisar ser retirado digitalmente durante refilmagens de cenas de Liga da Justiça, já que o contrato do ator com Missão: Impossível o impedia de retirá-lo na época.

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