Gotham - 4ª temporada

Gotham nunca foi um grande hit, mas é uma série que melhora a cada temporada. O primeiro ano tinha um formato mais procedural, o segundo e terceiros apostaram em arcos mais longos e abraçar seus personagens e suas particularidades, especialmente os vilões. O quarto ano, acrescenta à fórmula um impulso para as transformação de Bruce (David Mazouz) em Batman, e o caos que justifica sua existência. Ainda falta á série, no entanto, superar seu último problema, o uso do tempo.

A quarta temporada da série começa com um Bruce iniciando seu vigilantismo, e Gordon (Ben McKenzie) como chefe do departamento de polícia da cidade, ainda tentando lidar com a alta criminalidade da cidade, agora licensiada pelo Pinguin (Robin Lord Taylor). Para terminar com a dupla abraçando a responsabilidade por restaurar Gotham após um evento cataclísmico. O problema é que o caminho entre um ponto e outro é muito mais longo do que o necessário e a produção precisa inventar de tudo para preencher o tempo livre, e dar função aos muitos personagens. O resultados é uma quantidade grande de pequenos arcos, que se misturam e confundem muita gente.

Ao longo dos 22 episódios, vimos Bruce se rebelar e encarar uma fase playboy mimado, Alfred (Sean Pertwee) viver sozinho, Nigma (Cory Michael Smith) emburrecer e ficar inteligente outra vez e Lee (Morena Baccarin) comandar a Narrows com sua ajuda, Ivy (Maggie Geha/Peyton List) envelhecer novamente e virar "outra atriz", o nascimento de Solomon Grundy, uma versão primitiva das Gothan Sirens com Selina, Bárbara e Tábitha (Camren Bicondova, Erin Richards e Jessica Lucas) e Bullock (Donal Logue) deixando o distintivo de lado. E estes são apenas os pequenos arcos dos personagens, que preenchem tempo. Existem ainda os arcos maiores que conectam cada um deles e a temporada como um todo. Na primeira metade dos episódios o foco são os arcos de Solfia Falcone (Crystal Reed), do assassino Pig. Após o hiato, o retorno de Jerome e a Liga das Sombras são o fio condutor da narrativa.

São muitos acontecimentos e muitos personagens para dar conta, e o formato de transmissão com o hiato de fim de ano e muitas pausas não ajuda (quem sabe em maratona melhore). É provável que você eventualmente se questione o que aconteceu com um o outro personagem, não porque a série esqueceu dele, mas porque sua solução foi repentina demais. O tempo de tela é pouco, e o foco salta entre um personagem e outro para mostrar quem atende melhor ao que a trama precisa no momento. Com isso, eventualmente alguém sai perdendo.

Ainda sim, a cidade de Gotham é um personagem e aprendemos a nos preocupar com ela, tanto quanto com os vilões e anti-heróis que nela habitam. O uso destes personagens tão peculiares nos episódios isoladamente é muito eficiente. E apesar de ligados por uma trama maior, a maioria dos capítulos funciona isoladamente, dando tempo ao expectador de se atualizar com os acontecimentos gerais. A única coisa que o expectador precisa para acompanhar é conhecer os personagens, principais, em se tratando do universo de Batman, não é conhecimento tão difícil de ter. 

Os episódios que avançam a jornada do Bruce, e que o Chapeleiro coloca todos os moradores da cidade em risco são os que mais se destacam. Assim como a ascensão definitiva do Coringa. Responsável pelo clímax da temporada, a jornada do vilão mais popular deste universo, que não se envergonha do caminho rocambolesco e do exagero, tradicionais em quadrinhos, mas nem sempre bem vistos na TV.

Entretanto é pelo desfecho que esta temporada deve ser lembrada. O final de temporada, encerrou e reuniu os muitos arcos, culminando em um gancho que promete dar cara completamente nova, à Gotham, que chegou ao ponto mais baixo de seu processo de decadência. Prometendo uma quinta e última temporada, intensa e focada no surgimento do Cavaleiro das Trevas, a ascensão de Gordom ao cargo de comissário e o salvamento da cidade. 

O dedicado elenco parece confortável com seus personagens e suas ações por mais loucas que sejam, entregando um trabalho competente. As exceções ficam por conta de Reed e List que não conseguiram se ajustar o tom caricatural da produção, e entregaram personagens forçadas e nada carismáticas. 

O visual da série continua sendo o seu ponto mais forte. A cidade eternamente nublada, os tons escuros predominantes, com pequenos toques de cor, geralmente atrelados à loucura de algum vilão, dão o tom sombrio e nada realista que a história pede, já que uniformes estranhos e gadgets são muito bem vindos.

Prestes à embarcar em seu último ano, Gotham tem apenas mais um vilão à derrotar, o excesso de tempo. A necessidade de preencher 22 episódios, faz com que a narrativa perca o ritmo, alternando entre tramas enroladas e momentos excelentes em que consegue manter o foco. Há rumores que o quinto e último ano possa ter menos episódios. Seja como for, vamos torcer para que a produção dê um final eficiente para seus carismáticos personagens. 

Gotham é exibida pelo Warner Channel, as três primeiras temporadas estão disponíveis na Netflix. Leia mais sobre a série aqui.

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