The Gifted - 1ª tremporada

O ano de 2017 trouxe duas novas séries de heróis inspiradas em super-equipes do universo Marvel. Enquanto Inumanos, produzida pela própria Marvel, concentrou todas as atenções e não chegou nem perto de atender as expectativas que criou, a Fox apostou em uma divulgação mais "contida" (ou seria realista?) para trazer outra série habitada pelos mutantes dos quadrinhos. The Gifted, aposta em uma fórmula mais tradicional, porém eficiente.

As tensões entre humanos e mutantes estão em seu auge, depois que um incidente envolvendo indivíduos superpoderosos vitimou muitas pessoas. Desde então, portadores do gene X estão sobre forte repressão do governo e do programa Sentinela. Neste cenário, os Strucker são uma família comum, cujo pai trabalha caçando "mutantes criminosos", até que real condição de seus filhos é exposta ao mundo. Lauren (Natalie Alyn Lind, Gotham) e Andy (Percy Hynes-White) são mutantes, e passam a ser perseguidos por isso. Com os X-Men e a Irmandade desaparecidos, a única alternativa da família é se unir a um grupo clandestino de mutantes tentando sobreviver. Na Resistência somos apresentados a outros mutantes refugiados e sua luta por um mundo onde possam viver em paz.

Apresentados inicialmente como os protagonistas desta estória, os Strucker são na verdade a porta de entrada para o universo e conflitos deste mundo. Conforme eles aprendem mais, sobre a luta, limitações e injustiças pelas quais os mutantes passam, nós também aprendemos. Existe inclusive um pequeno e acertado arco onde a mãe Caitlin (Amy Acker), tenta sem sucesso recorrer aos recursos do mundo que ela acreditava ser o certo, antes de acreditar em sua nova realidade. O pai Reed (Stephen Moyer), é a conexão que esclarece como funciona o sistema que os caçam. Mas, a família ocupa apenas 50% da atenção da trama.

Aos poucos os mutantes da resistência ganham mais espaço, cada um com seus dilemas. Blink (Jamie Chung, Once Upon a Time), tenta encontrar seu espaço no grupo, o que inclui conflitos com Dreamer (Elena Satine) e Pássaro Trovejante (Blair Redford). Polaris (Emma Dumont) e Eclipse (Sean Teale), tem um filho a caminho em um mundo que o odiará apenas por existir. E claro, Lauren e Andy tentam aprender a controlar seus poderes enquanto descobre mais sobre o passado de sua família. Outros mutantes, são apresentados no decorrer dos capítulos para alavancar a trama. Entre eles, o destaque fica com as irmãs Frost (Skyler Samuels), que trazem também outro ponto de vista para a luta.

Também ha espaço para explorar o lado humano da disputa, mesmo que ele esteja muito equivocado na enorme maioria das vezes principalmente na figura do Agente Turner (Coby Bell), que tem suas próprias tragédias relacionadas a causa. Dr. Campbell (Garret Dillahunt, sempre com sua figura excêntrica de de objetivos duvidosos), é a personificação da ameaça, coordenando experimentos com os mutantes e incluindo empenho político na guerra entre as "espécies".

Com todos as peças principais em cena, conforme os Strucker se envolvem mais na "causa" mais complexos os problemas ficam. Apesar de não ser uma série procedural (aquelas com um caso por semana), a cada episódio somos apresentados a um novo problema a ser resolvido, estes são apresentados em uma crescente até o grane impasse do climático do final da temporada.

A parte divertida fica por conta da forma como os personagens lidam com estes problemas. Elaborando soluções que explorem e combinem as suas habilidades, coisa que no cinema os X-Men tem pouquíssimo tempo de desenvolver. Os pupilos de Xavier na tela grande também não tem tempo de desenvolver as relações pessoais. Aqui, podemos ver os conflitos entre irmãos, relacionamentos amorosos, ou mesmo o companheirismo e interações cotidianas entre os personagens, facilitando nossa empatia com eles.

O único escorregão ficou por conta da trama paralela sobre antigos contatos de Elicse (personagem criado especialmente para a série). Este arco ajudou a solucionar um problema, mas também desviou o foco da trama principal, e mesmo de sua relação com Polaris. Apontando um grande potencial para episódios filler, aqueles usados para preencher a temporada, mas que não avança muito a trama principal. Com apenas 13 episódios a enrolação ficou de fora, mas é sempre uma opção caso a produção ganhe uma temporada mais longa.

E por falar em novas temporadas, o segundo ano da série já foi garantido. Embora ainda não haja detalhes sobre o número de episódios, ou a data de lançamento. Já os temas que a série levanta e discute bem devem voltar ao foco, como o valor da família, dos amigos, aprender a lidar com seus poderes, amadurecer e as diferentes formas de lidar com o ódio e intolerância. Este último, vale mencionar, a discussão mais forte em cena, e provavelmente mais pertinente a realidade fora das telas. Discussões importantes dissolvidas em bom entretenimento.

The Gifted é uma série ciente de seu espaço, público e limitações de orçamento (os efeitos especiais por exemplo não são dos mais caros, mas funcionam), por isso acerta ao investir em personagens e suas relações, ao invés de eventos megalomaníacos. Estes mutantes até querem mudar o mundo, mas não tem a ilusão de que vão salvá-lo em uma batalha épica. Simples e bem feita, consequentemente mais duradoura.

The Gifted é exibida no Brasil pela Fox, e esta primeira temporada tem 13 episódios.

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