Cinquenta Tons de Preto

Não é preciso ser um gênio, guru, ou mesmo um profundo conhecedor da indústria cinematográfica, para prever: cedo ou tarde alguém faria uma paródia de Cinquenta Tons de Cinza. Também não era difícil deduzir a presença de algum dos irmãos Wayans na produção. Mas como fazer piada de um filme que, apesar de sucesso de bilheteria, já é motivo de piada para muita gente? Baixando o nível, claro. E sim e possível baixá-lo!

Marlon Wayans dá vida à Christian Black, empresário milionário que fica obcecado pela estudante Hannah (Kali Hawk) após a moça visitar seu escritório para uma entrevista. A paródia segue a risca o roteiro do filme que parodia, inclua aí cenários, figurinos e enquadramentos de câmera. A diferença fica por conta dos protagonistas serem negros, o que permite uma quantidade absurda de piadas preconceituosas e menções a ícones afrodescendentes.

O resto das piadas se resume, a aumentar o nível de absurdo das situações do filme original, piadas físicas, memes desgastados da internet e tentativas de humor sobre a genitália masculina e problemas sexuais de Black. Nem mesmo piadas que relacionem o argumento do filme à outras produções e atualidades de temas semelhantes são aproveitadas.

À exceção de uma breve menção à Magic Mike,  e longas sobre escravidão o foco é Cinquenta Tons de Cinza, apenas ele. Em um mundo onde referências são quase inevitáveis, é difícil não pensar em desperdício, quando um dos veículos que melhor pode aproveitá-las, a comédia, ignora o recurso. Ainda sim, não é desperdício maior que o próprio roteiro. Se a comédia muitas vezes nos ajuda apontar e pensar temas complexos. Há de se imaginar que um sucesso de bilheteria com tema polêmico poderia ser melhor aproveitado.
A dublagem brasileira traz os famosos Marcelo Marrom, Samantha Schmütz e Robson Nunes. E a tradução até que se esforça para situar as piadas para o público nacional. Mas não dá para fazer muito com piadas que parecem criadas por adolescentes bobos de 13 anos.

Ok! Talvez eu esteja esperando muito de um filme dos Wayans. Que por mais que eu proteste, tem seu público próprio, que busca exatamente por isso. Só me pergunto, por quanto tempo esse público ainda vai existir, e quando o Marlon Wayans e seus companheiros de trabalho, vão expandir seus interesses. Olha, que ouvi dizer que até o Christian Gray original, cedo ou tarde aprende alguma coisa.

Cinquenta Tons de Preto (Fifty Shades Of Black)
EUA - 2016 - 92min
Comédia


Leia a crítica de Cinquenta Tons de Cinza.

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