Zé do Caixão - a série

Apenas seis episódios de duração, e a estréia na última sexta-feira 13 de 2015 (13 de Novembro), já em meio a confusão típica de final de ano, fez muita gente perder Zé do Caixão. Série exibida pelo canal Space que fala não apenas de seu personagem título, mas de seu criador José Mojica Marins.

Mojica é cineasta, ator e roteirista, considerado uma das figuras mais ativas do cinema nacional. E Zé do Caixão com suas roupas pretas e unhas gigantescas é um dos mais icônicos e conhecidos da cultura popular brasileira. Mesmo assim, a muitos de nós nunca de fato viu um dos três longas que ele protagoniza. Assim como sabemos muito pouco da trajetória de seu criador. É essa falha que a série pretende começar a corrigir.

Digo apenas começar, pois se trata de uma produção de apenas seis episódios e Mojica trabalhou intensamente por décadas. Logo a série enfoca apenas momentos chave de sua carreira. Começando por apresentar primeiro o criador, na época da produção de primeiro "grande filme" A Sina do Aventureiro (1958). A criação de Zé do Caixão, ícone do terror nacional,  fica para o segundo episódio.

Reparou que utilizei a expressão "grande filme" entre aspas? Isso porque ao longo de toda sua carreira Mojica teve um jeito peculiar de fazer cinema. Em parte pela falta de recursos, muitas das produções eram bancadas por alunos e pelos próprios atores. Em parte pelo seu desconhecimento técnico, e total falta de interesse por aprender mais sobre o fazer cinematográfico. O que é no mínimo curioso, considerando que Mojica cresceu em salas de projeção dos cinemas em que seu pai trabalhava.

Se hoje, vemos o fato acima apenas como mais uma curiosidade da obra já peculiar de Mojica. Na época seu amadorismo apenas dificultava as produções. A temática sombria, absurda e sem limites para mexer com o imaginário sobrenatural popular também não ajudava. Assim como o cenário político e cinematográfico do país, inclua aqui a Ditadura Militar e a ausência de incetivos para produções independentes.

Tudo isso é abordado ao longo da produção, que por sua vez não tem medo de mostrar que seu protagonista não era exatamente um cidadão exemplo. Mojica usou de inúmeros truques para conseguir o que precisava para trabalhar, era mulherengo, boca suja, alcoólatra e fumava muito. Por outro lado não era muito bom em administrar as finanças o que construiu uma carreira sempre no limite.

Já à produção se esforçou não apenas para reconstruir a São Paulo das décadas de 1960, 70 e 80. Especialmente nas esternas, onde é perceptível a escolha de ângulos e cantos específicos da cidade onde a metrópole de 2015 não apareça.

O ponto alto no entanto é a construção da uma eficiente e crível figura de Mojica e Zé do Caixão. Além da recriação do visual característico, a ótima interpretação de Matheus Nachtergaele, que consegue criar uma distinção entre criador e criatura, que vai desde a forma de falar até a postura e o gestual. Zé do Caixão é um personagem de Mojica, um influência o outro é verdade, mas a distinção entre ambos é clara. Inclusive nas cenas em que Mojica não está atuando, mas está vestido com as roupas de seus personagens.

Prova da eficiência, é a comparação que a própria série faz entre suas versões e o trabalho original. O único porém talvez sejam os poucos episódios. Com pouco tempo a narrativa precisa dar saltos no tempo, para os momentos chave da carreira de seu protagonista. Some-se aí as indispensáveis, exclusões de fatos e personagens. Para quem desconhece sua carreira, podem ficar algumas dúvidas. Além do "gostinho de quero mais" que atinge também os conhecedores.

Baseado no livro de mais de 400 páginas Zé do Caixão - Maldito, A Biografia de André Barcinski e Ivan Finotti. A série Zé do Caixão, vem corrigir o equívoco na nossa falta de conhecimento sobre um de nossos ícones cinematográfico. E assim como o retratado, não tem pudores ao contar sua história (a censura é alta).

Se não tem espaço para retratar detalhadamente essa biografia, faz o máximo possível com qualidade. E é uma ótima porta de entrada, para conhecer mais. Sorte que seus longas não estão mais censurados. Mais sorte ainda, que sua biografia foi relançada, simultaneamente à série, pela DarkSide Books. Só falta agora o Space* trazer uma merecida reprise para quem perdeu!

*A Série ainda está disponível no SpaceGo
Leia mais sobre séries. Confira a resenha do livro Zé do Caixão - Maldito, A Biografia.

1 Comentários

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