Zé do Caixão - Maldito, A Biografia

José Mojica Marins, Zé do Caixão. Aqueles que nasceram à partir dos anos de 1980, podem até reconhecer os nomes acima, ou sua figura singular. Já aqueles que vivenciaram as décadas de 60 e 70 devem lembrar da popularidade do cineasta considerado um dos mais produtivos do país. Entretanto pouca gente conhece à fundo suas obras, e um número menor ainda conhece sua verdadeira trajetória.

O desconhecimento não é apenas porque se dedicou a um gênero complexo, o terror, foi perseguido pela censura, ou porque suas obras mais significativas foram lançadas há 4 décadas. Mas também, porque José Mojica Marins era cheio de criatividade e artifícios para criar publicidade em torno de seu nome, e manter falsas aparências sobre sua vida pessoal.

São esses detalhes dos bastidores, e fatos desconhecidos das produções e da vida de Mojica que Zé do Caixão - Maldito, A Biografia pretende revelar. Lançado originalmente em 1998 pelos jornalistas André Barcinski e Ivan Finotti, a publicação que ficara por muito tempo fora de catálogo, ganhou uma edição de luxo da DarkSide Books.

A nova versão traz um acabamento luxuoso em capa dura, com várias imagens inéditas. E uma Mojicografia, que traz não apenas sua filmografia como diretor, mas também seus outros trabalhos (mesmo os inacabados). Tudo isso em apropriadas 666 páginas, 200 à mais que a edição original. O lançamento da nova edição chegou junto com a série de TV, baseada nele, exibida pelo canal Space.

Já o conteúdo deve agradar não apenas os fãs de Mojica, mas fãs de terror, e aficionados por cinema em geral. Separado por períodos da vida de mojica (aliais mais cedo, à partir da chegada de seus avós ao Brasil), é possível descobrir as influências que formaram sua personalidade e gosto peculiares. Bem como, o desenvolvimento de sua carreira e vida pessoal, e até ouso dizer um pouco de história do Brasil. Uma vez, que o livro passa por períodos marcantes como a gripe espanhola, e a ditadura militar, contados por um ponto de vista pessoal muito diferente de livros de histórias, reportagens e documentários a que estamos acostumados.

Tudo isso em uma linguagem simples, com ritmo agradável e bem humorada. É quase um bate-papo, com direito à aqueles parênteses, e detalhes que ressaltamos quando de fato contamos uma história para alguém.

O formato de narrativa aliais não poderia ser outro, afinal seu retratado passava longe das normas formais. Seja na linguagem, na etiqueta, ou na forma de fazer cinema. Mojica descobriu sua própria forma de fazer filmes, ignorando as normas e técnicas das escolas de cinema. Mesmo quando já inserido "no meio", continuou a fazer do seu jeito e contar suas histórias.

Um homem do povo, com características peculiares. Uma certa ingenuidade com relação à maldade das pessoas, e como o mundo funciona, em um contraste gritante com o humor negro, e os aspectos macabros de suas produções. Colocando-o em situações ao mesmo tempo trágicas e cômicas, que de tão absurdas, poderiam ser confundidas por ficção. E surpreende os leitores, que não esperariam gargalhadas na biografia de um ícone do terror.

Mas, acredite, é tudo verdade! Desde seu nascimento em uma sexta-feira 13, em março. Passando por altos e, muitos, baixos. Até a figura conhecida mundialmente (Coffin Joe, é internacional), mas que em seu próprio país muitos desconhecem sua obra. Há quem o compare com o dito pior diretor do mundo Ed Wood, mas Mojica é bom, é único assim como Wood. Comparar para que?!

Zé do Caixão - Maldito, A Biografia
André Barcinski e Ivan Finotti
DarkSide

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