Os Goonies (o livro)

Quem nunca sonhou em viver uma aventura estilo caça-ao-tesouro? Admito, que engajei várias jornadas dessas  com meus amigos no quintal de casa durante a infância. E aposto que nossa geração não fora a primeira (talvez tenha sido a úlitma, mas é assunto para outro post). Mas enquanto nossos pais e avós tinham livros de Júlio Verne, nós queríamos ser Goonies.

Mikey, Bocão Gordo e Dado, vivem nas docas Goon, e tem seu próprio paraíso de aventuras infantis ameaçado. Seu bairro será transformado em um pomposo campo de golfe assim que eles forem despejados, e nossa história começa no último fim de semana que a turma tem juntos. Bisbilhotando onde não devem, os meninos encontram um mapa do tesouro, e decidem que encontrá-lo pode ser a solução de seus problemas, ou no mínimo sua última grande jornada juntos. Não demora muito para o irmão mais velho de Mikey, Brand, e as meninas Andy e Steff se unirem ao grupo.

Entretanto como nada é tão simples, existe vilões à solta. A gangue/família Fratelli está a solta. Deixando um rastro de corpos e instalados bem no meio da busca pelo tesouro. Calma, você não está ficando louco, nem eu me confundi de resenha. Este é sim o enredo de um clássico da Sessão da Tarde. Os Goonies é uma produção de Steven Spilberg lançada em 1985, que mais tarde virou livro pelas mãos de James Kahn. O autor é conhecido por adaptar para as páginas clássicos das telas.

Esta versão da aventura goonie é bastante fiel ao filme original, mas não deixa de aproveitar a vantagem que tem sobre a produção cinematográfica, mais tempo. Não falta espaço para explicações mais detalhadas, e até um ou outro acontecimento novo, ou diferente. Nada que estrague, ou desestimule a memória afetiva inevitavelmente ativada durante a leitura.

Narrado por Mikey, a linguagem é simples e dinâmica, assim como um pré-adolescente adotaria, embora, volta e meia, o menino se perca e divertidos devaneios. O livro tem tempo para construir melhor o crescimento do garoto, que amadurece durante à jornada. Criando para isso uma relação mais forte entre o menino e a lenda de Willy Caolho, o pirata dono do tesouro. Á escolha é acertada, afinal Mikey sempre fora o protagonista, entretanto ele não está presente em todos os momentos da aventura.

É a jornada de Gordo (e Sloth) que sai perdendo com a escolha de Mikey como narrador. Ele ainda conta toda a trama paralela - "assim como Gordo me disse" - mas o trecho acaba soando mais impessoal que o resto do livro. Uma pena considerando que a dupla é a favorita de muitos. Detalhe aliás, que apresentará uma visão bastante diferente para aqueles que nunca assistiram ao filme.

Já os trechos vividos pela família Frateli, é devidamente narrado por notas do jornal local inclusas no livro. Assim como os acontecimentos dos dias posteriores à aventura, informações que no filme não teriam espaço. Mais espaço também ganham os outros goonies, descobrimos mais sobre os sonhos inventivos de Dado, o romance entre Andy e Brand, e a relação de amor e ódio entre Bocão e Stef. Além, é claro, dos medos de toda a turma que vão desde as preocupações típicas da infância, o receio de serem despejados e separados, até claustrofobia.

Tudo isso, enquanto seguem as "pegadas" do mapa, resolvem quebra cabeças e se apresentam durante a jornada e fogem dos bandidos. Sozinhos caverna à dentro, sem avisar aos pais, sem celulares ou qualquer outro meio de comunicação, carregando explosivos e destruindo estátuas com piadas de duplo sentido. Pois é criançada a vida antes da era digital, e do politicamente correto, era assim, e era divertido!

Adoravelmente mantido na década de 1980, a nova geração pode até estranhar "os costumes", equipamentos e referências da época (todas devidamente esclarecidas em notas de rodapé), mas deve esquecer essas diferenças assim que mergulharem na aventura. Aos veteranos fica a oportunidade de ser Goonie por mais um tempinho, e descobrir detalhes novos sobre a turma. Na tela ou nas páginas, Os Goonies é aventura para crianças "de todas as idades" que sobrevive ao teste do tempo.

Os Goonies (The Goonies)
James Kahn
DarkSide

P.S.: O livro chegou ao brasil em formato simples (este aí no topo da resenha), e também em edição de colecionador limitada. Esta última fez tanto sucesso que, à pedido dos leitores, foi relançada em celebração aos 30 anos do filme. Traz acabamento em capa dura, selo dourado em hot stamp, e um mapa/pôster exclusivo. Este foi o título de estréia da editora dedicada ao terror e fantasia.

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