Livro vs Filme: A Invenção de Hugo Cabret

Um dia uma amiga me sugeriu fazer uma série de posts sobre as diferenças entre os filmes e os livros que o inspiraram. É claro, bastou uma "googlada" rápida para descobrir que alguém já teve esta ideia antes. Entretanto, também descobri que essas pessoas são na maioria fãs das obras, que apontavam as diferenças por duas razões: para mostrar que sabiam mais que os outros, e/ou apontar aquilo que consideravam erros na produção cinematográfica. É aqui que pretendo fazer diferente:

Filme é uma coisa, e livro outra, e ambas as obras devem funcionar por conta própria. Este é, na maioria das vezes, o motivo das mudanças nas adaptações. Logo, na série de posts "Livro vs Filme" vou listar sim as diferenças, mas tentando entender porque elas existem, e não fazer julgamento de valor entre uma e outra. Explicar parece mais fácil que fazer, então, mãos à obra!

Livro vs Filme: A Invenção de Hugo Cabret

Hugo é um órfão de 12 anos, que vive secretamente entre as paredes da estação de trens de Paris, ajustando seus relógios. Trabalho herdado do tio bebum, que certo dia desaparecera. Do pai, Hugo herdara um autômato (uma espécie de robô que funciona com maquinário semelhante ao de um relógio para executar uma função específica), que tenta desesperadamente consertar. Hugo se vê diante da oportunidade de finalmente consertar seu autômato, ao mesmo tempo que coloca em risco seu anonimato, ao se relacionar com o dono na loja de brinquedos da estação, e sua afilhada Isabelle.

O livro de Brian Selznick, foi laçado em 2007, e ganhou uma adaptação em 2011 com direção de Martin Scorcese. Leia aqui as resenhas do livro e do filme. Cuidado o texto abaixo contém spoilers!


1 - A História do pai de Hugo e o Autômato
No livro, o pai de Hugo não leva o autômato para casa. Mas, a pedido do menino, passa a ficar até mais tarde em seu trabalho no museu, consertando o robô, é durante o "turno extra" que o personagem morre. Sentindo-se culpado pela morte do pai, Hugo, resgata o autômato dos escombros do museu.

Tanto no livro, quanto no filme já conhecemos Hugo como órfão, na estação. No livro sua história é contada  com calma e gradualmente, conforme necessário. No filme isso é feito tem forma de flahsbacks, que somados, aos usados para desvendar os mistérios da trama, são muitos. Simplificar a história para que tenham uma duração mais curta, evita que o longa perca o ritmo, devido às diversas interrupções. Além disso ver pouco o pai (e até o tio) de Hugo, aumenta a sensação de abandono e solidão que o expectador tem em relação ao protagonista.

2 - Antes de descobrir o cinema Hugo descobre a mágica.
George Meliés era mágico antes de virar um dos primeiros cineastas do mundo. O livro pretende contar a história dele, e tem espaço para isso, benefício do qual o cinema não dispõe. Por isso a passagem sobre mágica é condensada e restrita à flashbacks, no longa. 

3- Isabelle, Hugo, Etienne e o cinema
No livro Isabelle já frequentava o cinema, com a ajuda de Etienne um funcionário de lá. É também com a ajuda de Etienne que Hugo descobre sobre sozinho sobre George Meliés.

A mudança aqui é bem simples de explicar, além de diminuir o número de personagens (eficientes no livro, mas excessivos em um filme que em 2 horas não poderia explorá-los tão bem), a eliminação de Etienne, também facilita a aproximação entre Hugo e Isabelle, que tomam o lugar do personagem perdido nestas passagens. Afinal, eles tem apenas 126 minutos, para se conhecerem, virarem amigos e solucionar um caso de detetive!

4 - Hugo rouba a chave de Isabelle.
Roubar é feio, e faria Hugo parecer antipático ao público, que poderia deixar de torcer por ele. Enquanto a barganha pela chave com Isabelle, novamente cria (e/ou reforçar) laços entre as personagens.

5 - No livro, há um momento para contar a história dos pais de Isabelle.
A passagem, não faz muita diferença na história principal, mesmo no livro, e atrapalharia o bom rendimento do longa. O mais importante ele informa: a menina é órfã e criada pelos padrinhos. Não é preciso se desviar da trama principal para isso.

6 - O perigo de ser descoberto pela falha dos relógios, que por andar sozinho pela estação.
Toda aventura precisa de ação, e uma perseguição em meio a uma estação lotada é com certeza mais atraente, que observar "preocupadamente" o andamento dos relógios. Além disso a alteração dá um espaço maior para o personagem de Sacha Baron Cohen,o Inspetor da estação, justificando sua presença em cena.

Hugo Cabret é um livro extremamente gráfico, em certos momentos até parece storyboards de um longa metragem. Com poucas palavras, Selnick não comete excesso, deixando para Scorcese apenas o trabalho de "aparar as arestas" em um bom roteiro.  Uma ótima adaptação, na humilde opinião da blogueira que vos escreve. E as diferenças ente o longa e o romance, foram apenas boas escolhas para adaptar a história para uma nova mídia. 

Então caro leitor/expectador, qual das duas versões da história é sua favorita? O que você acha que foi boa ideia mudar, e o que foi sacrilégio cometido por Scorcese ao alterar? Vamos lá, expresse todo amor e/ou ódio por A Invenção de Hugo Cabret.

Leia também 
A Invenção de Hugo Cabret (livro)
A Invenção de Hugo Cabret (filme)
Semana especial Hugo Cabret (DVD, Sofá e Pipoca)

3 Comentários

  1. Eu concordo mto com o que vc comentou sobre as diferenças. Uma coisa é o livro e a adaptação cinematográfica é exatamente uma adaptação, não precisa seguir a risca. Claro que eu fico chateada quando mudam MUITOS elementos da história que não precisaria mudar ou que dão outro sentido à história. Ou quando enfeitam o máximo para estender a obra e gerar mais lucro, como em O Hobbit.
    Eu adoro scorcese, então nem tenho mto o que dizer desse filme, adorei e ainda mais pelo amor que tenho ao cinema. mto fofo.

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  2. Verdade Dayane, Scorcese acertou em cheio com Hugo. Mas comecei a série propositalmente com uma "obra fácil", apenas para testar o formato.

    Se a galera curtir tento passar para adaptações mais polêmicas.

    Obrigada e volte sempre!

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  3. Adorei o blog, já assisti o filme, mas ainda não cheguei a ler o livro, quem sabe um dia.

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