Círculo de Fogo

Eu vi pouco dos seriados tokusatsus que passavam na extinta TV Manchete, quando tinha idade para lembrar eles já estavam sendo substituídos pelos animes. Mesmo assim, foi o suficiente para Jaspion e cia, ganharem um espaço especial em minhas memórias afetivas, apesar de serem "programas de meninos" (ò preconceito, hein!).

Imagine então, o efeito com meninos das gerações anteriores a minha. Aliais, não precisa imaginar não! Basta assistir à Círculo de Fogo, ficção cientifica onde Guillermo Del Toro coloca humanos controlando robôs gigantes para defender o mundo de Kaijus, que é o termo em japonês para aqueles monstros gigantes do cinema japonês.

Então um dia monstros alienígenas gigantes começam a aparecer na Terra e fazer muito estrago. Em resposta, os homens criam os Jaegers robôs gigantes controlados por duas pessoas conectadas por uma rede neural. Mas os monstros ficam cada vez mais fortes, à beira da derrota os humanos tem um último grande plano para acabar de vez com a ameaça. E depositam suas esperanças em no ex-piloto Raleigh Becket (Charlie Hunnam), e na cadete sem experiência Mako Mori (Rinko Kikuchi), e um lendário porém obsoleto modelo de robô.

Sim, é uma situação absurda, que exige a mesma suspensão de descrença que você tinha quando assistia Changeman ou Power Rangers. Mas essa é a brincadeira! E considerando, que os Transformers conseguem encher os cofres de Michael Bay, ao destruir cidades indiscriminadamente. Imagina se todo seu potencial de diversão (ora são robôs gigantes!) fossem bem aproveitados.

É isso que, Del Toro faz ao desenvolver bem o argumento simples em um roteiro coerente. Sem excessos, surpresas e detalhes técnicos exagerados geralmente presentes apenas porque "filmes de adultos" precisam ser (ou parecer) mais complexos.

Por sua eficiência em ser simples, é claro, não é um filme de personagens. Mas traz bons personagens, que apesar de caricatos trazem história suficiente para você se importar com eles. Temos então o herói que precisa recuperar a auto-confiança (Hunnam), a novata com passado obscuro (Kikuchi), os nerds que entendem a ameaça e o grande comandante com segredos. Este último, Stacker Pentecost, brilhantemente vivido por Idris Elba.

Tudo isso com o esmero de uma produção, que traz monstros detalhados, robôs gigantescos (mesmo!). E respeitou inclusive o peso de criaturas dessa magnitude. Coisas grandes e pesadas se movem devagar, isso aliais aumenta a tensão. Bem feita a fotografia se destaca particularmente em um belo, porém agoniante, flashback.

Toda a preocupação com a escala das criaturas, seus movimentos, e a grandiosidade de suas ações ficam ainda melhores em 3D. Fazendo deste um dos poucos filmes da temporada em que a tecnologia não é desnecessária.

Circulo de Fogo, se assume como uma brincadeira. Faz bom uso da familiaridade e da memória afetiva de um produto que estava meio esquecido deste lado do globo, sem desrespeitar o expectador. E também é muito divertido. Só faltou mesmo a pose do herói, e/ou robô gigante, em frente à explosão da vitória em uma pedreira.

Círculo de Fogo (Pacific Rim)
EUA - 2013 - 131 minutos
Ação / Ficção científica

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