O Palhaço

Faço versos pro palhaço que na vida já foi tudo
Foi soldado, carpinteiro, seresteiro e vagabundo
Sem juiz e sem juízo fez feliz a todo mundo 
Mas no fundo não sabia que em seu rosto coloria
Todo encanto do sorriso que seu povo não sorria

Impossível não lembrar desse trecho de O Circo, música que eu ouvia repetidamente em um daqueles disquinhos de vinil na voz de Nara Leão, quando pequena. Embora Benjamim (Selton Mello), o palhaço pangaré, do circo esperança, nunca tenha sido de tudo na vida.

Filho do palhaço, e dono do circo, Puro Sangue (Paulo José) ele nasceu e cresceu no picadeiro. Vida que parece não satisfazer mais Benjamim, talvez pela constante dificuldade em que vive. Talvez porque já era a hora de Benjamim encontrar sua identidade metafórica e literalmente já que o rapaz só tem a certidão de nascimento.

Não é novidade a história do palhaço que não sorri por baixo do rosto pintado. Entretanto, é a forma como é contada que faz a diferença. Enquanto assistimos a busca de Benjamim, por sua identidade. Revisitamos as dificuldades que os artistas circenses enfrentam, a união da "família do circo", além de reconhecer diversas homenagens à ícones da comédia.

Sobra tempo ainda para o olhar do circo pelos olhos de uma criança. A pequena Guilermina (Larissa Manoela), também vive no circo e observa constantemente atividade dos pais e colegas, com o brilho nos olhos de quem visita o picadeiro pela primeira vez. Garantindo para os mais velhos, a lembrança de como o circo pode ser mágico. Também é através dela que descobrimos a maldade do ser humano, e sentimos o frescor da renovação.

Direção de arte, e fotografia criam a atmosfera itinerante, as vezes mágica, as vezes realista e melancólica de  uma arte em extinção. Em um filme cheio de símbolos, metáforas e referências, que pediriam mais uma seção apenas para encontrar e admirar todas.

O filme tem várias participações especiais. Ícones do humor brasileiro, como Jorge Loredo (o Zé Bonitinho), e Tonico Pereira, ganham espaço em uma clara homenagem a contribuição de cada um para o gênero. A melhor delas protagonizada por Moacyr Franco na pele de um delegado. Fabiana Carla, Danton Mello e Jackson antunes também estão entre as várias participações.

Atenção pais desavisados (haviam alguns na minha sala), embora tenha o título de O Palhaço e muitos humoristas, não é exatamente uma comédia, ou infantil. Existam algumas piadas, e crianças possam assitir sem grandes danos (e provavelmente vão gostar bastante). O filme é sobe as pessoas de verdade e não as personagens no picadeiro.

O final é até previsível, mas nem por isso menos interessante, lúdico ou identificável com o respeitável (e respeitado) público. Que pode curtir um filme lúdico, delicado e inteligente.

O Palhaço
Brasil - 2011 - 88 minutos
Comédia


4 Comentários

  1. Eu gostei muito do filme. Essa atmosfera de "sonho encontra a realidade" é muito bonita. Como vc disse, não é original, mas não deixa de ser tocante.
    bjo

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  2. Pois é, já entrou na minha lista de favoritos.

    Obrigada pela visita!

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  3. Ih já somos três, q acharam lindo. Conta como formação de quadrilha?

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